No dia sete de janeiro de 2015, terroristas armados invadiram a sede do jornal francês Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas. Quatro dias depois, cerca de 3,7 milhões de pessoas, dentre elas mais de 40 líderes mundiais, foram às ruas em solidariedade às vítimas, entoando a frase “Je suis Charlie” – eu sou Charlie, em francês.
Aos 22 de março de 2016 outras 34 pessoas foram assassinadas em função de atos terroristas levados a efeito na capital da Bélgica, Bruxelas. Uma vez mais, de forma louvável, agitou-se a consciência mundial, manifestada nas ruas por multidões que entoavam o brado “Je suis Bruxelles”.
Pouco depois, no dia 12 de junho de 2016, outro terrorista invadiu uma discoteca na cidade de Orlando, nos Estados Unidos, e ali abateu a tiros 50 seres humanos. Este repulsivo ato igualmente mereceu, e de forma diversa não poderia ser, pronto repúdio – até mesmo as cores da famosa Torre Eiffel, em Paris, foram alteradas em solidariedade às vítimas, enquanto o povo nas ruas exclamava “Je suis Orlando”.
Chegamos ao dia 14 de julho de 2016, data na qual 85 pessoas foram massacradas por um terrorista na cidade francesa de Nice. Retornam às ruas as multidões e seus líderes, entoando, desta feita, o brado “Je suis Nice”.
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Dia desses, por exemplo, pensava no povo lá de Bukavu, um dos centros de mineração do Congo. Trata-se de um país flagelado por uma guerra sem fim, travada em torno da exploração do coltan, um minério raro sem o qual não teríamos a maioria dos aparelhos eletrônicos modernos.
Nos últimos 15 anos essa guerra já ceifou cinco milhões de vidas e contribuiu para o estupro de 300 mil mulheres. Uma investigação identificou 157 empresas ocidentais envolvidas com a exploração desse mineral – e calculou-se o custo de um telefone celular produzido com coltan extraído daquele país: a vida de duas crianças.
Fico a imaginar, agora, o custo de um computador, de uma turbina de avião ou da maioria das engenhocas que nos cercam – quanto sangue de semelhantes nossos elas carregam?
É por isso que “je suis Bukavu”!
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