Candidato a deputado federal pelo Solidariedade do Rio de Janeiro, um funkeiro denunciado por associação ao tráfico de drogas será intimado a prestar esclarecimentos à polícia após cantar em uma festa conhecida por ser frequentada por traficantes armados. Fabiano Baptista Ramos, o MC Tikão, aparece em vídeo cantando no Baile da Gaiola, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. As informações são do site do jornal Extra.
Nas imagens, o MC anima os participantes com uma música que exalta o Comando Vermelho (CV), uma das mais antigas fações criminosas do país. O público dança com fuzis e pistolas nas mãos. O delegado Rodrigo Freitas, do 22º DP, pretende ouvir o candidato em um inquérito que investiga se a festa é ponto de encontro de chefes do Comando Vermelho. Na festa, Tikão canta a música “Faixa de Gaza”, do funkeiro MC Orelha, que faz apologia ao tráfico de drogas e cita nomes de criminosos.
Veja o vídeo:
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O advogado Leonardo Ferraz Cuerci, que representa o candidato a deputado, afirma que MC Tikão foi contratado para participar do baile e que gravou, na ocasião, seu novo videoclipe. Segundo ele, o cantor não percebeu a presença de homens armados. “Ele é cego?”, contesta o delegado Freitas. A defesa do candidato nega que ele tenha qualquer ligação com facção criminosa (veja trecho da nota mais abaixo).
De acordo com o Extra, o Baile da Gaiola chega a reunir mais de 30 mil pessoas, mesmo não tendo o consentimento das autoridades. Em março, ao menos 77 pessoas saíram feridas durante uma correria que começou após um tiroteio na festa.
PublicidadeO funkeiro esteve preso entre outubro e novembro do ano passado, suspeito de ligação com o tráfico de drogas da favela da Rocinha. Ele continuou a ser investigado e, em junho, foi denunciado por associação ao tráfico pelo Ministério Público estadual. A denúncia ainda não foi analisada pela Justiça.
Tikão é acusado de ter ajudado na fuga do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, em setembro do ano passado, durante uma operação policial. O traficante fugiu da comunidade da Zona Sul do Rio na garupa de uma moto que, de acordo com os investigadores, era pilotada pelo MC.
O advogado do funkeiro diz que seu cliente não fez apologia ao crime e que está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários. “No que condiz ao vídeo que está sendo divulgado, MC Tikão declara que no referido evento, realizado para milhares de pessoas, não percebeu a presença de indivíduos que estariam ostentando armas de fogo, que não conhece os mesmos, que não tem e nunca teve nenhuma relação com quaisquer facções criminosas, que não tem o apoio das mesmas em sua candidatura, e que neste, ou em qualquer outro show, cantou apenas trecho de uma música, que não fez e não faz apologia, que atendeu e sempre atende a pedidos do público fazendo menção a diversas pessoas”, diz a defesa do candidato a deputado.