Parlamentares reforçaram nesta quinta-feira (14) as cobranças ao poder público, principalmente ao Ministério da Saúde, por ações emergenciais de combate ao avanço da pandemia do novo coronavírus. As manifestações destacam o colapso da saúde pública registrado na capital Manaus.
Com a alta do número de mortes e de internações por covid-19 desde o fim do ano passado na região hospitais e cemitérios estão lotados.
De acordo com os dados do Governo do Amazonas, foram registradas quase dois mil novos casos e 24 mortes nas últimas 24 horas. Mais de 5.800 pessoas morreram no estado desde o início da pandemia, segundo o governo estadual.
Com mais de 90% dos leitos de UTIs ocupados, na rede pública e privada, o estado registra falta de oxigênio dos hospitais.
Nas redes sociais, o Psol afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não fez nada enquanto o Amapá ficava semanas sem luz e que, agora, também não age para socorrer os amazonenses.
Leia algumas das manifestações de parlamentares sobre a situação de Manaus:
Leia também
Muito grave o que está acontecendo em Manaus, com pacientes morrendo por falta de oxigênio. A omissão do governo federal, que se nega a estabelecer uma política séria e nacional de enfrentamento à Covid-19 já nos custou vidas demais.
— Weverton (@wevertonrocha) January 14, 2021
O @minsaude precisa coordenar imediatamente uma operação de guerra p/ socorrer Manaus. Pazuello tem que dialogar com governadores p/ que possam fornecer emergencialmente cilindros ao AM. Pacientes que puderem ser transferidos precisam ser levados p/ hospitais em outros Estados.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) January 14, 2021
Manaus está em estado de calamidade pública.
Oxigênio p/ internados se esgotou e hospitais não possuem insumos suficiente para combater os casos graves de Covid-19. Onde está Bolsonaro p/ prestar auxílio nessa crise ao invés de exigir que médicos receitem remédios sem eficácia?
— Alexandre Padilha (@padilhando) January 14, 2021
Pessoas morrendo aos magotes em Manaus por falta de OXIGÊNIO! Ar, o elemento mais básico da vida. Isso é o resultado do negacionismo de Bolsonaro. O genocida não dirige um governo, ele comanda o APOCALIPSE! #ForaBolsonaro #SOSManaus pic.twitter.com/9cq6Hejuhf
— Orlando Silva (@orlandosilva) January 14, 2021
Alô @minsaude, há falta de oxigênio em Manaus, que exige medidas urgentes!
Não podemos deixar nossos irmãos morrerem por falta do elemento mais abundante do planeta: oxigênio.
Isso é muita incompetência e incúria!
— André Figueiredo🌹🇧🇷 (@andrepdt12) January 14, 2021
Deputado pelo Amazonas, Marcelo Ramos (PL) afirmou no início da tarde desta quinta-feira ter conversado com o ministro da saúde, Eduardo Pazuello, para que pacientes sejam removidos para hospitais federais em outros estados.
“Há uma dificuldade de conseguir avião que possa carregar oxigênio pra Manaus e o Ministério negocia um avião americano pra isso”, afirmou.
Após reunião com representantes do governo federal e de municípios do Amazonas, o governador Wilson Lima anunciou novas medidas de restrição, plano de abastecimento de oxigênio para as unidades hospitalares e a remoção de pacientes para outros estados.“Estamos baixando um decreto suspendendo o transporte coletivo de passageiros entre as rodovias e os rios, exceto o transporte de cargas. Estamos também decretando o fechamento das atividades de circulação de pessoas, entre 19h e 6h da manhã, exceto atividades e transporte de produtos essenciais à vida. E aí teremos o funcionamento de farmácias, mas para entrega de delivery e entrega por demanda. A circulação de pessoas que trabalham em áreas estratégicas e essenciais como saúde, segurança pública e imprensa também fica assegurada”, afirmou.
Na noite de quarta-feira (13), de acordo com informações da Agência Brasil, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) determinou que duas empresas que fabricam oxigênio medicinal mantenham o fornecimento de uma quantidade mínima do produto a um grupo de hospitais particulares de Manaus.
O governador Wilson Lima afirmou na tarde desta quinta que trabalha desde a madrugada em negociações com o governo federal para agilizar o fornecimento de oxigênio. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), na noite de quarta feira uma de suas aeronaves transportou para Manaus oito toneladas de equipamentos, entre eles material hospitalar, camas, cilindros de oxigênio, macas e barracas, que irão equipar o Hospital de Campanha (HCAMP).
Enem adiado
Após pedido do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e do vereador de Manaus Amom Mandel (Podemos), e em função da pandemia de covid-19, a Justiça Federal suspendeu na noite de quarta-feira a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no estado do Amazonas.
O primeiro dia de provas estava marcado para o próximo domingo (17), e o segundo dia para 24 de janeiro. Na semana passada o governo estadual prorrogou o estado de calamidade por mais 180 dias.
No pedido, Ramos e Amom argumentaram que o Amazonas enfrenta sua pior fase desde o início da pandemia e destacaram o risco de contaminação dos participantes.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Governo do Amazonas:
O governador Wilson Lima anunciou, nesta quinta-feira (14/01), em pronunciamento nas redes oficiais do Governo do Amazonas, as ações frente ao recrudescimento da pandemia do novo coronavírus no estado, que incluem novas medidas de restrição, plano de abastecimento de oxigênio para as unidades hospitalares e remoção de pacientes para hospitais de outros estados. As ações são resultado de reunião com representantes do Comitê de Resposta Rápida – Enfrentamento Covid-19, composto pelos Governos do Estado, Federal e Municipal.
As ações foram tomadas diante do quadro epidemiológico da Covid-19 no Amazonas. Segundo o governador, a ampliação das medidas de restrição visa a proteção da vida das pessoas. O novo decreto será publicado restringindo o transporte coletivo de passageiros em rodovias e rios e suspendendo a circulação de pessoas nas ruas, em todo o estado, entre às 19h e 6h.
“Estamos baixando um decreto suspendendo o transporte coletivo de passageiros entre as rodovias e os rios, exceto o transporte de cargas. Estamos também decretando o fechamento das atividades de circulação de pessoas, entre 19h e 6h da manhã, exceto atividades e transporte de produtos essenciais à vida. E aí teremos o funcionamento de farmácias, mas para entrega de delivery e entrega por demanda. A circulação de pessoas que trabalham em áreas estratégicas e essenciais como saúde, segurança pública e imprensa também fica assegurada”.
Plano de abastecimento – Em relação ao abastecimento de oxigênio nas unidades hospitalares, o governador ressaltou que todas as medidas para solucionar as dificuldades logísticas de abastecimento do produto, apresentadas pela empresa responsável, estão sendo adotadas junto ao Governo Federal.
“O Estado do Amazonas está tomando algumas providências relacionadas à questão do oxigênio. Nós já entramos com uma ação na justiça contra a empresa para garantir que ela abasteça em quantidade suficiente a rede hospitalar para atender nossos irmãos acometidos da Covid-19. Desde a madrugada estou em contato com o Governo Federal, tenho conversado com o general Pazuello (ministro da Saúde), com o ministro da Defesa (Fernando Azevedo e Silva), com o general Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional), com outros ministros. O Planalto está mobilizado para que a gente possa superar esse momento o mais rápido possível. Nós estamos numa operação de guerra onde os insumos, sobretudo a questão do oxigênio nas unidades hospitalares, hoje, é o produto mais consumido diante dessa pandemia”, explicou o governador Wilson Lima.
O Governo do Amazonas também iniciou a transferência de pacientes para unidades hospitalares de cinco estados. Para isso, além do translado desses pacientes, o governo montou um grupo de apoio psicossocial para pacientes e familiares.
“Estamos montando também um grupo de apoio para esses pacientes e familiares que irão se deslocar para os outros estados. Esse primeiro grupo irá para o estado de Goiás, e outros grupos irão para os estados do Piauí, Maranhão, Brasília, Paraíba e Rio Grande do Norte. E aqui quero agradecer a esses governadores, que num gesto humanitário, estão estendendo a mão para que os nossos irmãos possam ser acolhidos nessas regiões”.
As reuniões do Comitê de Resposta Rápida vêm ocorrendo diariamente no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), com os órgãos de controle, Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).