Dia desses li que quanto mais exposta ao chumbo uma criança for, menos inteligente ficará. Segundo constatei, uma criança que apresente 40 microgramas de chumbo por decilitro de sangue perde até 15 pontos de QI.
Quer mais? A cada mil crianças com 21 microgramas de chumbo por decilitro de sangue, seis apresentarão retardamento mental leve.
Estas pobres crianças, quando na idade adulta, tenderão a contribuir muito menos para as sociedades nas quais vivem – aliás, a tendência é que a ela acarretem despesas por conta de doenças, aposentadorias precoces, dificuldades para inserção social etc.
Segundo uma pesquisa feita pela “NYU School of Public Health”, não estamos a falar de valores pequenos: só por conta dos efeitos do chumbo sobre a saúde das crianças, a África perde a cada ano US$ 134,7 bilhões, a Ásia US$ 699,9 bilhões e a América Latina US$ 142,3 bilhões – isto desconsiderada, evidentemente, a questão espiritual e humana envolvida.
Apurou-se, ainda, que combater este tipo de contaminação é um bom negócio. Para um gasto de US$ 11 bilhões em políticas de descontaminação, os EUA conquistaram uma economia de US$ 269 bilhões – um retorno de incríveis 24 vezes o valor investido.
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Vamos a mais números: projetos de descontaminação acrescentam em média um ano de vida por US$ 50 investidos – contra US$ 300 gastos no combate à malária.
Não pense, sequer por um instante, ser este mais um daqueles problemas “exóticos”: na Índia, Filipinas e Indonésia, a população vive em média 725.000 dias a menos por conta da malária – contra 828.722 da contaminação por chumbo.
Em outros países, o combate a este tipo de contaminação já está bastante avançado – e de forma diversa não poderia ser, consideradas as gravíssimas consequências para a saúde.
Assim, em Taiwan uma inspeção constatou níveis de contaminação perigosos em diversos brinquedos importados – principalmente da China. Em um cofrinho para crianças, por exemplo, a presença de metais cancerígenos ultrapassava em cem vezes o limite legal. E uma boneca apresentava índices de chumbo 2,8 vezes superior aos níveis considerados seguros.
Enquanto isso, na Europa, descobriram que alguns brinquedos com espuma provenientes da China emitiam produtos químicos capazes de induzir câncer em crianças. Estes produtos, naquele continente, foram imediatamente retirados das lojas e destruídos.
Mas talvez o exemplo maior venha da Arábia Saudita. Li, no respeitado jornal Al-Eqtisadlah, que inacreditáveis 10% das roupas importadas – da China – apresentam elementos cancerígenos. A reportagem estampou a defesa de um representante chinês: o problema é que os comerciantes locais pedem sempre produtos baratos – simples assim!
Fiquemos, para fins deste texto, com a contaminação através do chumbo presente nos brinquedos e nas roupas – precisamente o caso dos dois exemplos acima citados. Com isto em mente, agora saia de casa e vá às ruas. Percorra as feiras e camelódromos, para perceber a dimensão do risco a que nossas crianças estão expostas enquanto consumidoras de produtos vendidos sem nenhum controle de qualidade, importados de qualquer maneira – e às custas da falência de tantas empresas brasileiras.
Pois é. Será que já não passou da hora de nos inspirarmos nos exemplos de outros países e procedermos a um exame pericial sério nos produtos importados que temos consumido? Será que nem sequer esta preocupação nossas crianças – futuro do Brasil – merecem?
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