A Câmara dos Deputados planeja iniciar no próximo dia 15 de fevereiro, feriado de Carnaval, as obras para transferir o comitê de imprensa da Casa. A conclusão deve demorar meses, mas a desocupação do espaço pode começar nesta quinta-feira (11). Hoje os jornalistas estão instalados em uma área ao lado do Plenário, onde as votações e principais atividades da Casa são realizadas.
O Congresso em Foco participou de reunião com a Secretaria de Obras da Casa, que prestou informações sobre as mudanças.
O espaço destinado à imprensa está previsto para ser transferido para um andar abaixo do Plenário, no térreo, em um local sem janela, sem banheiro, com menos espaço e menor possibilidade de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus. O Sindicato de Jornalistas do Distrito Federal estuda entrar com uma ação na Justiça para impedir a mudança.
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O local onde atualmente funciona o comitê de imprensa será o gabinete da presidência da Câmara. Desta forma, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), vai poder entrar e sair do Plenário e do gabinete sem enfrentar jornalistas.
Atualmente, o presidente da Câmara precisa cruzar o salão verde para sair do gabinete e entrar no Plenário e vice-versa. Durante o trajeto ele pode ser questionado por jornalistas e a imprensa também pode ver quem são as pessoas que entram e saem de seu gabinete, algo que não vai acontecer com o remanejamento do espaço.
PublicidadeNa sessão desta terça-feira (9) da Câmara, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) questionou o presidente sobre se a mudança seria definitiva, Lira se limitou a dizer que “a decisão administrativa está tomada”.
A sala onde hoje fica o gabinete de Lira deve dar lugar à liderança de algum partido ainda a ser definido.
Lira não é o primeiro presidente da Câmara que quer fazer isso. Os ex-presidentes Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (MDB-RJ) também tentaram promover iniciativas semelhantes.
Durante o biênio comandado por Chinaglia (2007-2009), a mudança não obteve sucesso porque faltou autorização do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Iphan), já que a obra do arquiteto Oscar Niemeyer é patrimônio histórico. (veja aqui)
O aval do Iphan veio em 2016, durante a gestão de Cunha, mas o emedebista teve o mandato cassado antes de poder começar a obra.Durante a gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o assunto também foi discutido, principalmente sob iniciativa da deputada Soraya Santos (PL-RJ), que exercia o cargo de primeira-secretária, responsável pela gestão financeira e administrativa da Casa, mas não foi levado adiante.
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