O ministro Alexandre de Moraes, que relata no Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito que apura a produção e divulgação de fakenews, disse nesta sexta-feira (11) que as milícias digitais que operam essas notícias falsas estão por trás de um grande esquema de lavagem de dinheiro. A declaração aconteceu no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
“No primeiro momento você financia as fakenews, a partir disso, com a monetização, começa a ocorrer um autofinanciamento e algo muito interessante, que não vou entrar em detalhes para não atrapalhar a investigação, é que provavelmente essas milícias digitais estão fazendo há alguns anos uma grande lavagem de dinheiro”, afirmou Moraes.
Uma das formas em que o dinheiro é lavado, diz o ministro, é a partir de doações a sites e feitas durante transmissões ao vivo de personagens envolvidos na divulgação de fakenews.
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De acordo com o ministro, seguindo o exemplo do que aconteceu em outros países, é possível que esse dinheiro, depois de lavado, seja usado para financiar campanhas eleitorais.
“A lavagem de dinheiro não é só para fortalecer estruturas eleitorais, é também para enriquecer as pessoas que estão atuando desta forma”, afirmou.
Segundo ele, sua principal surpresa com o avanço das investigações foi o alto nível de profissionalização dessas milícias e a grande quantidade de dinheiro envolvida. O ministro relatou que inicialmente a ideia é que fossem ações dispersas, quase confundidas com grupos orgânicos de whatsapp.
Alexandre de Moraes relatou ainda que conforme as investigações avançam e revelam o modo como esses grupos têm agido, as milícias digitais têm alterado o modus operandi. Uma das mudanças é a substituição do uso de robôs por pessoas para fazerem o compartilhamento das notícias falsas.
O ministro ainda rebateu as críticas ao inquérito.
“É mais grave do que as pessoas achavam. Pensavam que era picuinha, porque estavam xingando o STF. Nada disso é investigado, nós investigamos o que realmente está organizado, inclusive financeiramente, para desestruturar os poderes da República”, disse.