O anúncio da pré-candidatura do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) à presidência nas eleições de 2022, nesta segunda-feira (10), dividiu o partido. Enquanto a maior parte da bancada demonstrou apoio ao nome, houve quem fizesse críticas abertas à escolha.
Pela manhã, o anúncio de Glauber veio pelo Twitter. Segundo o parlamentar, que completa 40 anos em junho de 2022, a pré-candidatura no Psol não seria impeditivo para um plano de união nacional de legendas de esquerda contra a reeleição de Jair Bolsonaro.
É possível defender unidade na esquerda contra bolsonaro e ao mesmo tempo ser pré-candidato a presidente do Brasil pelo PSOL apresentando o programa da esquerda radical de forma não sectária? SIM! Muito obrigado às correntes e militantes que me incentivaram pra essa tarefa. Topo!
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) May 10, 2021
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, também defendeu o direito do partido defender sua agenda.
Desconheço alguma pesquisa que indique que não haverá segundo turno em 2022. Nesse cenário, seria um crime não apresentar um programa de esquerda num país tão destroçado pelo bolsonarismo.
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) May 10, 2021
A mesma razão foi defendida pela deputada Vivi Reis (PSOL-PA) para defender a pré-candidatura. “Numa eleição de dois turnos, não há porque desistir de apresentar um novo projeto para o Brasil”, escreveu a deputada.
Houve quem fizesse o apoio com reservas. A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) disse apoiar a pré-candidatura, mas afirmou haver outras prioridades.
Mas é preciso fazer unidade de ação e manter a independência política. Precisamos construir uma esquerda antissistema no Brasil que defenda um programa que vá a raiz dos problemas. Glauber é uma das melhores lideranças dessa nova geração. Tem nosso apoio!
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) May 10, 2021
A discordância pública, no entanto, veio da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), líder da bancada na Câmara. Talíria disse que é direito de qualquer filiado do partido lançar pré-candidato. “Nossa lealdade e carinho com o companheiro não nos impede de discordar dele”, advertiu.
Para a parlamentar fluminense, a decisão é “precipitada” ao colocar as eleições de 2022 antes das lutas que o partido precisaria encampar este ano. “Pra lutar contra Bolsonaro precisamos de unidade. Unidade ampla para derrubar o genocida e garantir as liberdades democráticas, e uma unidade popular para lutar pelos direitos e a vida das trabalhadoras e trabalhadores”, escreveu, antes de concluir: “sem unidade, seremos derrotados.”
A prioridade em 2021 não pode ser a eleição de 2022. E não é possível lançar uma pré-candidatura eleitoral e dizer que as eleições não são prioridade. O PSOL esse ano deve priorizar a luta por vacina, comida e moradia para o povo e a luta pelo impeachment de Bolsonaro. +
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) May 10, 2021
O posicionamento aberto por Talíria chegou a ser rebatido por Sâmia, que também já liderou a bancada na Câmara. “Afirmar que o Glauber coloca as eleições na frente das lutas para derrotar Bolsonaro hoje não é nada honesto”, escreveu. “Parece que não o conhece, ou não leu nenhuma entrevista.”
Em 2018, o partido teve como candidato Guilherme Boulos, que no ano passado disputou o segundo turno da prefeitura de São Paulo contra Bruno Covas (PSDB-SP).
Pelas redes sociais, Sâmia voltou a falar sobre a articulação do partido e defendeu os debates da legenda para 2022:
@samiabomfim sempre certeira. Afora isso minha amiga destaco que a unidade que precisamos e em 2021 e pelo impeachment do Bolsonaro. E @Glauber_Braga e dos mais combativos da oposição a esse genocida e em apoio às lutas da classe trabalhadora. https://t.co/TQocPimm0t
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) May 10, 2021
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