Qualquer análise realista sobre acertos e erros de comunicação na disputa dessas eleições entre os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad conduz à mesma conclusão: os equívocos foram muitos e graves nos dois lados, nos formatos tradicionais de comunicação. Será que faltou um bom treinamento, o famoso media training? E a gestão de crise, foi negligenciada?
O candidato do PSL, agora presidente eleito, precisou chegar ao ponto de mandar seu pessoal calar a boca, diante de declarações de seu candidato a vice, Hamilton Mourão, sobre “branqueamento da raça”, sobre o 13º salário ser uma jabuticaba e que “o Brasil herdou indolência dos indígenas e malandragem dos africanos”. Vídeo de seu filho Eduardo Bolsonaro pregando o fechamento do STF foi fortemente criticado por lideranças institucionais. Será que eles faltaram no dia do media training?
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Mesmo o PT, que resistiu em fazer autocrítica sobre gestões anteriores, admitiu que errou no campo da comunicação. A 10 dias do segundo turno das eleições, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, reconheceu que o PT subestimou o poder do WhatsApp na campanha eleitoral.
“Ele (Bolsonaro) utilizou de outros instrumentos para se comunicar direto com o povo, essa coisa das redes sociais e principalmente o WhatsApp, o levou a se comunicar (direto). Eu diria que a comunicação popular do Bolsonaro é organizada, orquestrada e construída, diferente do Lula que é um popular nato. O Bolsonaro construiu isso”, afirmou a jornalistas.
Mas o que calou fundo os quadros petistas foi o recado dado, em pleno comício eleitoral no Rio, pelo rapper Mano Brown. Diante do próprio Haddad, de apoiadores do porte de Chico Buarque e Caetano Veloso e de grande público nos arcos da Lapa, ele quebrou o clima de festa em discurso de menos de três minutos: “Se em algum momento a comunicação falhou aqui, vai pagar o preço. A comunicação é alma. Se não conseguir falar a língua do povo vai perder mesmo”.
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Foi uma eleição atípica, inédita na intolerância e sem precedentes no mundo, conforme atestou a própria Organização dos Estados Americanos (OEA), que veio ao país observar o pleito. A chefe da missão, Laura Chinchilla, manifestou preocupação com o volume de disseminação de notícias falsas pelo WhatsApp. “No caso do Brasil, está se utilizando a rede privada, que é o WhatsApp. É uma rede que apresenta muitas dificuldades para que as autoridades possam acessar e investigar”, alertou.
A poucos dias do primeiro turno da eleição, o jornal britânico Financial Times publicou reportagem de página inteira (analisada aqui na 105ª edição do Cenas da Semana) avaliando que o debate tóxico que se travava nas redes estava expondo fraturas na democracia brasileira. Para o FT, a recessão econômica e os escândalos de corrupção deixaram o país “mais vulnerável a um choque político radical do que qualquer outra democracia no mundo”.
Em 2018, o segundo turno não teve debate eleitoral, que dominou corações e mentes em eleições passadas. Em plena era de comunicação digital 24/7, de canais de mídia convergentes e multiplataforma, milhões de brasileiros votaram no escuro, sem ideia de qual programa de governo irá vigorar pelos próximos quatro anos.
Políticos tradicionais foram varridos do mapa eleitoral, eles que costuraram alianças partidárias pensando em ganhar mais tempo de propaganda eleitoral na TV, numa eleição ditada pelas redes sociais. Foram tempos dominados por fake news, que irão demandar muitas reflexões e exigir aprendizados sobre comunicação. Nessas horas, nada melhor do que contar com profissionais especializados, consultoria e um bom media training.
Zuckdata: WhatsApp e Messenger com tendência de alta. Segurança para evitar crises é desafio.
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, aponta as três grandes tendências e desafios para as redes sociais. A primeira é que as pessoas estão mudando de redes tradicionais (como o próprio Facebook) para mensagens privadas (WhatsApp). Outro movimento visível é para a linguagem de stories (muito popular no Instagram).
O compartilhamento de conteúdo está saindo do modelo do Feed de notícias e migrando para o chat privado. Ele revelou que as pessoas enviam 100 bilhões de mensagens por dia na família de Apps do Facebook. No formato Stories são compartilhadas 1 bilhão de postagens desse tipo/dia.
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Segunda tendência: crescimento do vídeo entre as plataformas do “ecossistema”. Zuckerberg admitiu que o principal aplicativo para isso é o YouTube. O terceiro desafio apontado são “ameaças à segurança”. O Facebook vem sendo bastante questionado e enfrenta séria crise de imagem pela disseminação de notícias falsas. Somente em 2018 já houve três grandes vazamentos de dados, que necessitaram de uma grande gestão de crise por parte da companhia. Mesmo com profissionais, uma consultoria especializada e muito media training, o abalo na reputação da empresa foi enorme.
Os dados foram revelados pelo executivo do Facebook na divulgação de resultados do terceiro trimestre de 2018. Os números da rede social impressionam: o Facebook chegou a 2,6 bilhões de usuários no mundo com suas plataformas (WhatsApp, Instagram e Messenger, além da própria rede social que dá nome à companhia). E o dono da rede está certo. Sem segurança para evitar vazamentos e novas crises, não há media training que o salve.
Tendências: Apple deverá lançar serviço de streaming
de TV em 2019
Seguindo tendências, a Apple vai lançar no primeiro semestre do próximo ano seu serviço de streaming de TV, semelhante ao Amazon Prime Video e Netflix. Segundo foi noticiado pelo site The Information, o serviço será lançado primeiro nos Estados Unidos e após alguns meses começará a operação internacional que deverá ser em pelo menos 100 países.
O serviço poderá ser um aplicativo independente ou funcionar dentro de uma SmarTV. Irá conter uma combinação de programação original, acesso a serviços de terceiros e a capacidade de se inscrever diretamente em pacotes de canais oferecidos por provedores de rede e cabo. Esta nova tendência pode colocar a Apple em um outro patamar no serviço de distribuição de conteúdo.
De acordo com a Ampere Analytics, a Austrália é o país com maior proporção de residências usando streaming como principal serviço de TV, 17%. No Brasil, o percentual é de 8%, inferior à média global de 9%. Ainda falta um pouco para estarmos no mesmo patamar da tendência mundial de streaming.