Parte a senadora Marina Silva (PV-AC), chega o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ). Sai o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), entra o senador Blairo Maggi (PR-MT). Sem mudar significativamente de tamanho, as bancadas dos ambientalistas e dos ruralistas no Congresso pretendem superar a perda de alguns de seus principais representantes com a chegada de outros nomes de peso no início da próxima legislatura.
Os defensores do agronegócio continuarão em maioria em comparação com o grupo dos parlamentares que defendem, de maneira sistemática, o meio ambiente. Os dois lados, no entanto, apostam na renovação e no crescimento qualitativo para chegar a um entendimento em relação a temas polêmicos, como o novo Código Florestal. As mudanças no Código provocaram discussões acaloradas no Congresso na atual legislatura e ampliaram a distância entre as duas bancadas.
Leia também
No Senado, a força do agronegócio será ainda maior na próxima legislatura, com a chegada de ex-governadores como Ivo Cassol (PP-RO) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Na Câmara, a bancada do agronegócio cresce com a entrada do deputado Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora ruralista Kátia Abreu (DEM-TO), e de outros representantes como o empresário do setor agrícola Nelson Padovani (PSC-PR) e o líder arrozeiro Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), porta-voz dos agricultores na demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol.
“Nós vamos crescer bastante no que diz respeito ao comprometimento dos parlamentares com o setor. Queremos encontrar os melhores caminhos para que o Brasil preserve, mas não descuide da produção. Temos consciência de que precisamos buscar o desenvolvimento sustentável, encontrar novas técnicas agrícolas e novas práticas”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Moreira Mendes (PPS-RO).
Veja alguns dos principais nomes da bancada ruralista no novo Congresso:
Publicidade
Verdes oxigenados
A bancada que defende os interesses “verdes” também irá ganhar reforços. A entrada dos ex-governadores e senadores eleitos Jorge Vianna (PT-AC) e Eduardo Braga (PMDB-AM), conhecidos por ações e políticas de desenvolvimento sustentável na Amazônia, é uma das referências. Na Câmara, ambientalistas contarão com nomes de peso como de Alfredo Sirkis, fundador do PV, José Luiz Penna (PV-SP), presidente do partido, e Rosane Ferreira (PV-PR), apontada como uma promessa verde no Congresso.
“A bancada vai dar uma oxigenada. Terá uma renovação de ânimo e sangue novo. O sangue novo, a gente vai ter que esperar para ver como é que se posicionam. É um jogo empatado, mas com um time com mais fôlego”, afirmou o coordenador de campanhas do Greenpeace, Nilo D’Ávila. “A maneira como o PV vai compor o bloco, se vai fazer parte da base do governo ou não, também vai ser importante”, completou.
Vereador no Rio, Sirkis chega pela primeira vez à Câmara com as credenciais de quem foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Partido Verde brasileiro. Nas eleições de outubro, foi um dos principais coordenadores da campanha de Marina à Presidência.
Veja alguns dos principais nomes da bancada ambientalista no novo Congresso:
Baixas
A maior baixa na bancada ambientalista será, sem nenhuma dúvida, a senadora Marina Silva, referência internacional na defesa do meio ambiente. A ex-ministra do Meio Ambiente deixa o Senado após ficar em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos, na disputa pela Presidência da República. Os ambientalistas se despedem também do líder do PV na Câmara, Edson Duarte (BA), uma das principais vozes na defesa ambiental no Congresso, que não conseguiu uma vaga no Senado.
“O Edson Duarte vai ser uma perda bastante sentida, ele foi muito ativo e atuante. A Marina representa a capacidade de oratória e a experiência na área ambiental. Claro que se perde com essas saídas. Mas, por outro lado, vamos ganhar um importante agente militando em outras praças. Alguém que conhece bem o Congresso e que estará livre para elogiar e criticar”, afirmou o coordenador do Greenpeace.
Na bancada do agronegócio, quem deixa o mandato é o deputado Valdir Colatto. O peemedebista de Santa Catarina, que não conseguiu se reeleger, já presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária e foi um dos principais articuladores da mudança do Código Florestal. Também desfalcarão a bancada pelo mesmo motivo, a partir de fevereiro, os deputados Germano Bonow (DEM-RS) e Gervásio Silva (PSDB-SC). O deputado Ernandes Amorim (PTB-RO), outro integrante da frente parlamentar, também não voltará à Casa. Candidato a deputado estadual nas últimas eleições, acabou barrado pela Lei da Ficha Limpa.
“Entre perdas e ganhos, acho que o Congresso ficará equivalente. Acho que não teremos um Congresso nem mais nem menos ambientalista”, analisou o coordenador de Política do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle. “A grande maioria dos congressistas não é contra nem a favor das questões ambientais. São parlamentares que estão abertos a compreender. O Código Florestal será um teste importante para analisar como se posicionarão os parlamentares”.