A equipe de Marina Silva estimou ter emitido 404,5 toneladas de carbono durante a campanha de 2010. Para compensar essa poluição, seria necessário o plantio de 53,2 mil árvores num prazo de dois anos.
Reflorestar os biomas brasileiros, e neutralizar o efeito da sujeirada provocada por sua equipe em seus deslocamentos terrestres e viagens aéreas virou prioridade da candidata ecológica. Marina conseguiu muito mais do que cumprir seu objetivo de limpeza, angariou a admiração e o patrocínio da Neca.
Neca? Que Neca? Maria Alice Setúbal, mais conhecida como Neca. Neca Setúbal, socióloga, pedagoga e banqueira. Foi ela quem reflorestou, trocou o mal pelo bem e deixou nosso ar mais gostosinho de respirar. Vocês não repararam?
A herdeira do Itaú, e mecenas de Marina, “emprestou” árvores de um projeto de restauração de uma de suas fazendas, e superou as expectativas da campanha de sua pupila. No total, foram 390 mil mudas. Isto é, de lambuja, ganhamos 337 mil pés de ipês-amarelos, ipês-roxos, carobas, angicos e jacarandás.
Neca afirma que atrelou seu nome ao da ex-senadora porque vê Marina “como uma alternativa política que pensa no desenvolvimento sustentável como algo transversal, e não como um apêndice”.
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Vocês sabem o que é transversalidade?
Um conceito que pode ser aplicado desde a ecologia, arte e educação até sexualidade humana. Para madame, que é educadora, o ensino da maioria das escolas – que ainda trabalham com aulas expositivas e livros didáticos – não faz mais sentido diante do conhecimento que é “transversal e produzido nas conexões entre várias informações”.
Que eu saiba, essas conexões só existem e funcionam em sua plenitude nos sistemas de cobrança do banco de madame e na bolsa de valores. No mínimo, dona Maria Alice Setúbal, que se imagina mensageira do futuro, é uma debochada. Convenhamos que a “realidade transversal” que os nossos professores experimentam nas salas de aula têm nomes que nem o eufemismo mais engenhoso poderia disfarçar, tais como salário de fome, violência, falta de planos de carreira e condições precárias de trabalho, entre outros.
No meio dessa barafunda de boas intenções e de árvores trocadas por votos, existe um charme indisfarçável e um apelo politicamente correto quase irresistível, mas também existem juros estratosféricos e muita demagogia, ficamos com a impressão de que a agiotagem é apenas um insignificante detalhe diante das inegáveis contribuições de madame para o bem do planeta. Antes de ser ecologista e educadora, antes de qualquer coisa, madame é banqueira. Tá no sangue, feito a seiva das seringueiras de Marina…
Em vez de plantar ipezinho roxo e jacarandá, madame faria muito mais pelo planeta e pela sociedade se não cobrasse até 15% ao mês de juros do infeliz que recorre às suas financeiras… mais de 300% ao ano. Irrespirável.
Por fim, sugiro aos internautas que saiam da frente do computador, e deem uma volta no quarteirão de casa. Me digam, quantas agências bancárias vocês encontraram? Quantas igrejas? Quantas escolas?
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