O presidente interino do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou a contratação por tempo indeterminado de mais de 35 brigadas de combate a incêndio florestal para atender os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e Tocantins.
A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (23) e abrange atuação em mais de cinquenta municípios. A determinação leva em consideração a seleção de áreas críticas feita pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). A redução de recursos e interrupção de atuação preventiva do Prevfogo tem sido criticada desde que o problema das queimadas ganhou repercussão nacional e internacional.
“De fato, a partir de agosto começa a estiagem amazônica, mas também é verdade que os governos sempre preparam para esse período, tiveram políticas para se defender, o que se fez atual governo e o atual ministro [do Meio Ambiente], no mês de maio, cortou 50% dos recursos do Prevfogo, que é um dos programas de prevenção às queimadas, principalmente na Amazônia neste período, foi um corte de R$ 5,4 bilhões”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), nesta quinta-feira (22), ao anunciar o pedido de impeachment contra Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. O ministro nega o corte de orçamento.
Pela portaria publicada nesta sexta, as brigadas terão formatos diferentes, mas as menores irão contar com um chefe e dez brigadistas e a maiores com 36 profissionais de combate à incêndios florestais.
Dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que houve um aumento de 83% no número de incêndios florestais no Brasil entre 1º de janeiro e 19 de agosto de 2019 e o mesmo período do ano passado, que saltou de 39.759 para 72.843 queimadas no país.
Queimadas e desmatamento
PublicidadeNota técnica emitida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), na última terça-feira, descarta as secas como elemento principal das queimadas que atingem a região amazônica.
“A Amazônia está queimando mais em 2019, e o período seco, por si só, não explica este aumento. O número de focos de incêndios, para maioria dos estados da região, já é o maior dos últimos quatro anos. É um índice impressionante, pois a estiagem deste ano está mais branda do que aquelas observadas nos anos anteriores”, menciona o documento.
Para análise, os pesquisadores consideram os focos de incêndio, número consecutivo de dias sem chuva; e desmatamento no ano de 2019.
“Os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento. Este municípios são responsáveis por 37% dos focos de calor em 2019 e por 43% do desmatamento registrado até o mês de julho . Esta concentração de incêndios florestais em áreas recém-desmatadas e com estiagem branda representa um forte indicativo do caráter intencional do incêndios: limpeza de áreas recém-desmatadas”, completa a nota técnica.
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