João Bosco Leal *
Com autorização do Ministério da Fazenda, o Ministério do Meio Ambiente concluiu um acordo e agora assinará um contrato com os Estados Unidos para converter uma dívida de US$ 23 milhões em um fundo de proteção de biomas brasileiros.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, declarou que esse fundo de proteção destinará recursos para atividades de preservação e proteção da Mata Atlântica, do cerrado e da caatinga brasileiros, e que esta é a primeira operação de conversão de dívida externa autorizada no Brasil, envolvendo a área ambiental.
Diante dessa notícia publicada pela imprensa, começo a me lembrar da quantidade de ONGs estrangeiras, cineastas americanos, canadenses e de tantos outros países, que tem se sentido no direito de aqui declarar como e o que devemos fazer com nossas terras, nossos índios, as usinas hidrelétricas, a preservação de florestas, dos animais, e tantas outras ingerências que certamente provocariam a expulsão de qualquer brasileiro que, estando em no exterior, passasse a se manifestar sobre esses assuntos. Claro, em qualquer país do mundo, esses são assuntos internos, não se admitindo interferências estrangeiras sobre nenhum deles.
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A Igreja Católica, com suas diversas pastorais, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), normalmente dirigidas por padres estrangeiros que sequer falam corretamente o português, opina e exerce atividade nos mais diversos assuntos. Exemplos: reforma agrária, política, índios, distribuição de renda, além de muitos outros. A igreja nunca é repelida, contrariada ou tem um desses padres estrangeiros expulsos do país por opinar sobre temas para os quais não foi chamada, ou seja, além do evangelho.
Nosso atual presidente da República, ultimamente, tem se envolvido com diversos assuntos internos de outros países, como: a promessa de exílio a uma mulher condenada no Irã, que provocou uma resposta oficial do governo iraniano recusando tal oferta para condenados por crimes de acordo com a legislação daquele país; a tentativa de intermediação pacífica para a não fabricação de armas nucleares pelo Irã, quando o mundo todo, inclusive a ONU, já havia tentado e não conseguido; a emissão de opiniões infundadas sobre o conflito Colômbia e Venezuela, que provocou resposta do governo colombiano, apontando a sua desinformação.
Provavelmente por isso, Lula admite que estrangeiros opinem sobre assuntos que certamente são de interesse e competência exclusiva de brasileiros. Após a assinatura desse acordo, certamente seremos obrigados a ouvir muito mais palpites e ingerências. Afinal, os americanos estão “pagando” para poder preservar.
Essa provavelmente é a maior estupidez que já vi esse governo cometer. E olha que não foram poucas. Para a enorme maioria dos cidadãos brasileiros, US$ 23 milhões é uma fortuna até inimaginável. Mas não o é para muitos outros, milhares de brasileiros que sabem muito bem o que significa ou até mesmo possuem essa quantia. Imaginemos então em termos de um país. É uma merreca, como se diz atualmente. E vamos vender nossa independência em assuntos internos por isso? Não senhor, presidente Lula, o povo brasileiro não quer vender, por valor algum, nenhum milímetro do país ou de sua independência sobre os assuntos internos.
Não impedindo que se assine esse acordo, o senhor ficará na história como o homem que vendeu nossa liberdade. Que vendeu o Brasil.
* João Bosco Leal é produtor rural em Mato Groso do Sul, articulista e palestrante sobre agronegócio e conflitos agrários. Faz parte do Movimento Nacional de Produtores (MNP), do qual foi presidente entre 2001 e 2009.
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