A defesa do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de suspensão de liminar, contra a decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, que o afastou do cargo na última sexta-feira (28).
Na peça, a defesa de Witzel alega que a decisão de afastamento, ocorrida de maneira monocrática – isto é, de maneira solitária pelo ministro – deveria ser reconsiderada. Além disso, a decisão do afastamento ocorreu antes do recebimento da denúncia, o que poderia caracterizar como cerceamento da defesa do político. O recurso, assinado pelo criminalista Roberto Podval, tramita em segredo de justiça dentro da suprema corte, e não teve suas peças divulgadas.
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Witzel foi afastado do cargo após o ministro Gonçalves aceitar denúncias de que um grupo criminoso ainda estaria atuando dentro do governo do estado do Rio de Janeiro, fraudando contratos na área da saúde – com a participação do então governador e de sua esposa, Helena Witzel – segundo os investigadores, as empresas envolvidas em corrupção tinham contratos com o escritório da primeira-dama, caminho por onde o dinheiro seria encaminhado ao governador.
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A denúncia, apresentada pelo Ministério Público Federal, apontou também que os desvios incluíam irregularidades nos três poderes, envolvendo inclusive um desembargador da Justiça do Trabalho fluminense.
PublicidadeO afastamento temporário de 180 dias, assinado por Gonçalves, deve ser analisado nesta quarta-feira (2) pela Corte Especial do STJ, que reúne os ministros mais antigos da casa. Caso os magistrados concordem com a decisão tomada pelo relator do caso, Witzel se mantém fora do cargo.
A saída prematura também deu tração a um processo de impeachment aberto contra o governador na Assembleia Legislativa do estado, e que pode acabar com o afastamento de Witzel – em entrevista, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, considerou que é difícil o retorno ao cargo no Palácio das Laranjeiras.
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