A APP-Sindicato, que representa profissionais da educação no Paraná, fará um ato, às 11h desta sexta-feira (23), em frente ao escritório político do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), em Maringá (PR). A ação é um protesto em resposta à recente declaração do parlamentar. Em entrevista à CNN Brasil, na última terça-feira (20), Barros afirmou que a categoria de professores é a única que “não quer trabalhar” no Brasil.
Ao Congresso em Foco, o secretário de comunicação da APP, Luiz Fernando Rodrigues, disse que a “absurda” fala de Ricardo Barros deixou professores do estado inteiro “indignados”. “No mínimo esperamos um pedido de desculpas dele com essa aula pública que vamos fazer, mas acho que isso não vai acontecer, porque até agora, ele só ironizou o movimento”, alegou o representante do sindicato.
Ao dizer que Barros “ironizou o movimento”, Rodrigues se refere à última publicação do parlamentar no Twitter, na qual Barros disse, após ter sido alvo de críticas de profissionais e ativistas da educação, que “a verdade dói”.
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Volta as aulas presenciais. A verdade dói. É muito.
Publicidade— Ricardo Barros (@RicardoBarrosPP) April 21, 2021
“Queremos levar até ele a informação de que os professores estão sim fazendo o trabalho deles, e não se negando a trabalhar, porque essa foi uma afirmação equivocada”, afirmou Rodrigues. “[A declaração de Barros] pegou mal em todo o Brasil, mas para nós daqui é pior, pois é um deputado federal nosso, com a nossa base eleitoral, que já foi prefeito da cidade de Maringá, e que não apoia a educação minimamente e não respeita esses profissionais”.
Segundo Rodrigues, o ato não deve contar com aglomerações e todos participantes devem seguir as recomendações sanitárias contra a covid-19, como o uso de máscaras e distanciamento social.
De acordo com a assessoria de imprensa de Ricardo Barros, hoje o parlamentar está em Curitiba, então não deve presenciar o ato. Pouco antes do protesto começar, o deputado publicou um vídeo no Instagram direcionado aos professores brasileiros, no qual reconhece que “alguns” profissionais “trabalham mais do que antes da pandemia”. “Chamei para um debate democrático e de interesse da sociedade. Todos tem o meu respeito”, escreveu.
“Aos professores com quem temos dialogado muito nesses últimos dias, quero primeiro agradecer a grande maioria deles que educadamente têm colocado suas posições. Alguns dizendo que trabalham mais do que trabalhavam antes, o que é verdade, e outros reclamando de que querem sim voltar às aulas [presenciais] mas que o sindicato não quer”, disse Barros.
No vídeo, Barros também fez um novo apelo para que as aulas presenciais retornem em todo o país: “Eles [professores] gostariam de rever os seus alunos. Há um ego sentimental e afetivo entre a criança e o professor, entre a criança e os seus colegas, e sabemos que isso faz falta”. “Eu apoio a educação, mas gostaria de ter a boa vontade da representação sindical dos professores e das escolas públicas para retornar as aulas presenciais, com as restrições que estão definidas pelo Conselho Estadual de Educação”, acrescentou o líder do governo. Assista:
Aulas presenciais
A fala do líder do governo que gerou críticas se deu após a aprovação do Projeto de Lei (PL) 5595/2020 no Plenário da Câmara dos Deputados, na última segunda-feira (19). O projeto, de autoria da deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), e com relatório de Joice Hasselmann (PSL-SP), estabelece a educação básica e superior como serviços essenciais, o que pode determinar a volta de aulas presenciais em escolas e faculdades de todo o país. O PL, no entanto, ainda precisa ser analisado pelo Senado.
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