Não sou nenhum leitor voraz. Acredito ser um leitor mediano, ou seja, leio na média do que os brasileiros leem. Sonho acordado com o dia em que aposentado possa ler mais do que leio hoje, afinal são muitos os livros que tenho para ler. Só o que tenho em casa já é o suficiente para ter leitura por muitos e muitos anos de aposentado. Espero que não me faltem anos. Mesmo tendo livros o suficiente para ler no resto de vida que me resta, contínuo comprando e felizmente ganhando. Mas, mesmo que não tivesse livro em casa, a internet nos dá acesso a milhares deles.
Bisbilhotando, como todos fazem, na internet encontrei o artigo “Cinco millones de libros”, assinado por Adrián Paenza, e publicado pelo Página 12 (jornal argentino) em 8 de novembro de 2012.
Afirma Paenza que “na era digital se pode fazer coisas maravilhosas, impensáveis há dez anos atrás”, como, por exemplo, a digitalização de todos os livros escritos no mundo, ou seja, na história da humanidade. Mas, quantos livros já foram escritos?
Segundo Paenza, a estimativa é que há cerca de 130 milhões de livros escritos, isto só nos últimos 600 anos. Como se vê, não há como ler todos os livros do mundo, o que me tira um peso das costas (ou da mente) e me dá uma preocupação a menos.
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Informa Paenza que o Google montou um projeto intitulado Google Books (Google Livros) e contratou centenas de pessoas para digitalizar todos esses livros e colocá-los à disposição na internet, e que este projeto começou a ser executado em 2004. Mas, como sou um leitor antiquado, não resolve o meu problema. Melhor: me gera um ‘problema’.
Sou daqueles leitores que gostam de ler livros de papel. Folhear, reler, riscar e anotar. Guardar e pegá-los para consulta assim que sentir necessidade.
Sei que riscar livro não é o melhor para a sua preservação, mas não consigo ler sem fazer isto. Sei que o livro na internet também permite fazer anotações, destacar trechos, mas não me encanta, não me dá prazer ler um livro numa máquina. O prazer está para mim em lamber o dedo, virar a página e continuar lendo. O prazer está em sentir, em ver as páginas lidas aumentando e as a serem lidas diminuindo.
O livro de papel, como temos e gosto de ler, sofreu inovações na sua elaboração e impressão. Surgiu em 1440 quando Gutenberg inventou a impressora, e é deste antigo livro que muitos, ou a maioria da minha idade gosta de ler.
Informa o artigo que até março de 2012 já estavam digitalizados mais de 20 milhões de livros. E sei que daqui para frente cada vez aumentarão os livros digitalizados e muitos, talvez milhares ou milhões, sequer cheguem a ser publicados em papel. Sequer farão parte de qualquer prateleira de biblioteca. Isso é economia, pois além de não precisar de prateleiras e ambientes climatizados, os livros digitalizados não serão destruídos pelas traças, fungos e tampouco serão vitimas de salivas, rasuras e da umidade. Portanto, não precisarão ser restaurados.
Os livros digitalizados facilitarão as pesquisas. Imagine todo este volume de (informação) livros à disposição dos pesquisadores. Em breve, aqueles que se adaptarem a leitura no computador não precisão ter (grande) espaço físico dentro de casa para guardar os livros e ainda terão muito mais literatura a disposição. Para alguns, aqueles com livros nas estantes só para parecer intelectual são um problema. Só com arquivo de computador não tem como se mostrar às visitas.
No seu texto, Paenza justifica que não trabalha para o Google e que não tem nenhum interesse comercial ou profissional com a empresa. Eu, simples escrevinhador e parco leitor, tampouco tenho qualquer vinculação com o Google. Faço este artigo/crônica simplesmente com o objetivo de divulgar o que está ocorrendo no mundo dos livros.
Chego ao fim deste texto com uma preocupação a menos e uma certeza a mais: por mais que eu leia, não vou ler tudo que existe. Creio que é melhor afirmar: não vou ler uma milésima parte do que se tem escrito. Agora posso dormir mais tranquilo. Ah!… e com a certeza de que não estarei solitário nesta situação: ninguém lerá todos os livros do mundo.