O ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi às redes sociais neste sábado (26) pedir desculpas por declarações que deu a respeito de homossexuais em entrevista nesta semana ao jornal O Estado de S. Paulo. Milton disse que sua fala foi descontextualizada e que respeita “todo cidadão brasileiro, qual seja sua orientação sexual, posição política ou religiosa”.
Na entrevista, o ministro, que é pastor presbiteriano, declarou que jovens homossexuais são consequência de “famílias desajustadas”. Ele afirmou que “não concorda” com quem “opta por ser homossexual” e defendeu que que discussões sobre gênero não ocorram nas escolas. Como mostrou o Congresso em Foco, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abra investigação contra Milton Ribeiro para apurar se ele cometeu homofobia.
Veja a retratação do ministro:
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NOTA DE ESCLARECIMENTO
Quanto à reportagem veiculada no jornal “O Estado de São Paulo”, venho esclarecer que minha fala foi interpretada de modo descontextualizado.
Jamais pretendi discriminar ou incentivar qualquer forma de discriminação em razão de orientação sexual.
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— Milton Ribeiro (@mribeiroMEC) September 26, 2020
“Sua Excelência, na oportunidade, fez afirmações ofensivas à dignidade do apontado grupo social”, escreveu o vice-procurador no pedido de investigação. Ele também pediu autorização para que a Polícia Federal tome o depoimento do ministro da Educação. A decisão caberá ao ministro Dias Toffoli, sorteado relator.
“Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí”, disse Milton ao Estadão.
Para Humberto Jacques, Milton Ribeiro pode ser enquadrado no crime de preconceito – ato de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, com pena de reclusão de um a três anos e multa.
O crime está tipificado na lei contra o racismo, que, desde o ano passado, também passou a punir discriminação contra homossexuais e transexuais.
> Ministro da Educação atribui homossexualidade a “famílias desajustadas”