Quando eu era criança, diziam que contar estrelas fazia aparecer verrugas nos dedos. Em um ano difícil como 2020 — que mais parece uma noite que teima em não clarear — é preciso desafiar essa crença e apontar as estrelinhas teimosas e tão bem-vindas, que piscam pra nós como estímulo e exemplo.
Na última terça-feira (15), por exemplo, o Senado deu um freio de arrumação na manobra matreira armada pelo governo Bolsonaro, ao votar a regulamentação do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Graças a uma emenda substitutiva global apresentada pela bancada do PT, resgatamos a essência do Fundeb, impedindo que R$ 16 bilhões destinados à educação básica pública fossem carreados para o setor privado.
Foi uma resposta clara e dura ao governo Bolsonaro, que sempre foi contra o Fundeb, perdeu a briga pela aprovação do fundo e tentou dar o troco, desfigurando a proposta na votação de sua regulamentação na Câmara.
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O Senado travou a manobra e, na última quinta-feira (17), a Câmara dos Deputados confirmou a vitória do Fundeb, ao derrotar também o repasse de dinheiro público para escolas privadas.
> Veja como cada deputado votou na regulamentação do Fundeb
PublicidadeMesmo quem não espera nada de bom da gestão Bolsonaro — contingente no qual me incluo — ainda é capaz de ficar perplexo com um governo que trabalha contra a vida, como ficou claro durante toda a pandemia, que sabota a vacina contra a covid-19 e aponta suas baterias contra o financiamento da educação, como no caso do Fundeb.
Quem, em sã consciência, há de querer boicotar um fundo sem o qual 3.701 dos 5.570 municípios brasileiros perderiam investimentos em Educação? Sem o Fundeb, 94,2% das matrículas da educação básica no País estariam ameaçadas e 20 milhões de alunos veriam em risco sua formação escolar.
A PEC que instituiu o novo Fundeb foi aprovada em agosto, como resultado de muito diálogo e mobilização de amplos setores, com especial destaque para os estudantes e os profissionais de educação.
A reversão do golpe contra o Fundeb no Senado e na Câmara também foi fruto da pressão desses setores.
Fica, portanto, a lição: faz escuro, mas nós lutamos — se me permitem parafrasear o poeta Thiago de Mello. E lutando, é possível vencer.
É com esse ânimo que me preparo para as batalhas de 2021. Que no ano mais do que contar estrelas, possamos deixar para trás essa noite de estagnação econômica, de crise sanitária e política de terra arrasada promovida por um governo contra seu povo.
Novamente lembrando o poeta:
“Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia”.
Feliz Natal a todos os leitores e leitoras e a toda equipe do Congresso em Foco.
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