Paulo Pimenta *
Sem dúvida, uma escola sem pluralidade, sem liberdade, sem diversidade, sem inclusão, sem democracia é a escola do pensamento único, da segregação, da discriminação e da repressão. Esse modelo de escola é marca característica de regimes autoritários, de uma sociedade que se assenta sob um sistema de desigualdade e de exclusão e que não permite a educação como prática transformadora que consolide ideais democráticos de igualdade e valorização das diferenças.
Esse é o modelo educacional do qual temos nos distanciado desde o fim da ditadura militar no Brasil (1964-1985), por meio de um percurso que se efetiva com a constituição de universidades com autonomia para o ensino, a pesquisa e a extensão. Com a garantia da gestão democrática nas escolas, com a formação de conselhos educação e com um conjunto de diretrizes educacionais que expressam os princípios constitucionais de uma educação democrática.
Esse movimento da política da educação se aprofundou durante o governo do presidente Lula (2003-2010), com o projeto do “Brasil um País de Todos”, e no governo Dilma (2011-2016), que na sua segunda eleição lançava a meta de construir uma “Pátria Educadora”. Foram muitos avanços que se tornaram marcas de um compromisso com a expansão do acesso à educação, a garantia de financiamento público da educação, o fortalecimento da política de formação para a educação básica, a construção em sistemas educacionais inclusivos, a realização de conferências nacionais de educação, a criação de estruturas participativas de gestão para a formulação e a implantação de políticas educacionais públicas voltadas à diversidade e à prática dos direitos humanos.
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Com o golpe do impeachment, em maio de 2016, esse processo se interrompe. A pauta de política educacional passou a girar em torno do denominado Programa Escola Sem Partido, apresentado por meio do Projeto de Lei 867/2015, de autoria do deputado Izalci, do PSDB – que, sob a alegação da ocorrência de doutrinação ideológica e partidária nas escolas, proíbe propostas curriculares que apresentem conteúdos, atividades, livros ou qualquer outro recurso pedagógico que esteja em desacordo com a posição política, ideológica, moral ou religiosa da família, devendo qualquer veiculação nesse sentido ser autorizada pelos pais ou responsáveis dos estudantes.
Trata-se de um dos maiores retrocessos que o nosso país vivenciou após 21 anos de ditadura. Os argumentos e as determinações desse projeto de lei são extremamente desqualificados, mentirosos e perversos. Os princípios no qual esse projeto se funda aproximam-se de ideias fascistas, que buscam criar um sentimento nacional de medo e intolerância. Quem defende esse projeto esconde que os problemas da educação nacional têm origem nos processos históricos de exclusão.
O enquadramento da educação às regras e perspectivas do mercado, que se fundam na lógica meritocrática, o total descaso dos governos da ditadura com a educação pública e as políticas privatistas do período de FHC – retomadas com força em âmbito internacional – são aspectos que marcam esses retrocessos.
Em contraposição a uma educação instrumentalizada, voltada a decorar fórmulas, regras, fatos e datas, é necessário defender o ensino democrático. O projeto Escola Sem Partido desencoraja o pensamento crítico, a capacidade de um (a) estudante participar ativamente do mundo que o cerca e interpretá-lo. Ensina, pelo contrário, que os (as) alunos (as) obedeçam sem questionar. Esse modelo, portanto, embora se esconda sob o véu da neutralidade, tem lado na política. É o lado que nega à população a possibilidade de ser sujeito da história, da política e da sociedade. É uma educação formadora de pessoas-objeto dos interesses dominantes.
A liberdade de consciência dos estudantes, então, está ameaçada por uma ideologia que nega sua participação ativa no mundo e ignora a pluralidade de opiniões e experiências. O Escola Sem Partido, assim, viola o direito à educação de milhões de estudantes e reinstala um regime de exceção. Concretizar o projeto passa por duas medidas bem conhecidas dos regimes fascistas: a censura de livros e a perseguição de professores (as) baseada em suas opiniões políticas.
O “Escola Sem Partido”, portanto, ao contrário do que seus defensores pregam, tem um propósito ideológico bem definido: o de gerar apatia política na população, de reprimir e de impor um pensamento único. É um instrumento coerente com o projeto de Brasil que está sendo instalado com o golpe. Não há respeito aos valores democráticos, nem interesse de estimulá-los. O “Escola Sem Partido” tem partido: o do golpe. Mas sobre nós, para quem a democracia é cara, não passarão.
* Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul.
O contrário da “apatia política da população” é todo mundo ser petista e socialistóide.
Deseja o deputado acima que as escolas apregoem o “golpe do impeachment”, como ele o chama no início de seu quarto parágrafo. Os pais não podem permitir isso, tem o direito e o dever de deixar as coisas claras a seus filhos, não podem mais permitir que políticos safados continuem pregando suas mazelas.
A Constituição respalda o “Escola Sem Partido”
(…) artigo 5º
II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa SENÃO EM VIRTUDE DA LEI;
(…) VI – e inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
(…)VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
(…)”Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será PROMOVIDA E INCENTIVADA A COLABORAÇÃO DA SOCIEDADE, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. ”
Perceberam no artigo 205º a colocação “promover e incentivar a colaboração da sociedade”, é justamente o que a ESP pretende ao demandar que os pais sejam consultados perante suas crenças.
Não preciso nem colocar comentário! Você já disse tudo!
Se o projeto “Escola Sem Partido” agora apresentado pelo Senador Magno Malta for aprovado, a esquerda perde seu grande trunfo, que é a doutrinação em sala de aula.
Desde meus tempos de estudante, e lá se vão 50 anos, quando a URSS financiava alunos profissionais – não passavam de ano para poder permanecer e doutrinar os novatos – que a esquerda domina os meios estudantis, como projeto de impor o marxismo/leninismo.
Como os democratas iam para estudar, na sua maioria não se interessando por pregação política, a esquerda autoritária vem dominando e fazendo a cabeça de jovens.
A URSS acabou e o comunismo é apenas um defunto insepulto. Apenas não avisaram os esquerdistas militontos, dos quais esse tal de Paulo Pimenta é um dos expoentes, pelo menos no RS socialista/bolivariano.
Covarde além de tudo, pois o Nelson Marchesam Jr. disse de tudo e mais um pouco
na cara dele e ele ficou bem quieto.
https://www.youtube.com/watch?v=ZyJMtj9nTok
http://capitalismo-social.blogspot.com.br/2016/02/68-empresas-sociais.html