O empresário Wladimir da Veiga, dono de um cursinho preparatório para ingresso em colégios militares em Curitiba, expandiu o negócio neste ano ao abrir uma segunda unidade na cidade. O otimismo com o investimento, que ele não espera ver recuperado antes de dois anos, é motivado em grande parte pelos discursos do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de que ampliará a rede de ensino militar no país.
“A minha expectativa é grande. Nos últimos anos estava se falando negativamente dos governos militares, e para a gente [donos dos cursinhos] atrapalhava até a perspectiva perante os pais de alunos”, conta Wladimir. “Eu acho que os pequenos empresários estão otimistas. Vão tentar fazer um investimento nisso. Estou apostando minhas fichas”, afirma o diretor do Curso Específico, na capital paranaense.
Bolsonaro tem louvado em entrevistas, desde as eleições presidenciais, a modalidade militarizada de ensino, tanto por seus resultados em exames nacionais quanto pela mentalidade das instituições. Nessa segunda-feira (17), em um discurso de menos de 4 minutos na inauguração de um colégio da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro que leva o nome de seu pai, Percy Geraldo Bolsonaro, o presidente eleito projetou a expansão dessas escolas no Rio.
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Em seu programa de governo, Bolsonaro assumiu o compromisso de que, até 2020, haverá pelo menos um colégio militar em cada capital brasileira. Atualmente 11 mantém escolas do Exército.
“Ninguém consegue ordem e progresso se não tiver disciplina e hierarquia. Vem daqui, então, o novo modelo de educação, que tem dado certo, e muito, nos estados de Amazonas e de Goiás. E com toda certeza, com o novo governador [Wilson Witzel, do PSC-RJ], chegando agora, com apoio do governo federal, esse modelo será estendido para vários outros municípios”, prometeu Bolsonaro.
Alguns empresários já colocam no papel o quanto devem crescer. Alexsandra Azambuja, diretora do cursinho que leva seu sobrenome e funciona em quatro unidades na região de Porto Alegre, quer expandir 20% em 2019, o dobro dos 10% ao ano que ela diz vir registrando. “Com a chegada do Bolsonaro ao poder, estamos certos de que a demanda vai aumentar em ritmo acima do normal”, prevê Alexsandra, que afirma atender hoje de 900 a 1.000 alunos por ano.
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O otimismo dos cursinhos vem não apenas do esperado crescimento dos colégios militares (o Exército, por exemplo, mantém 13 escolas no Brasil, e a 14ª será aberta em São Paulo em 2020), mas principalmente dos colégios das polícias militares, de gestão estadual. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a PM local confirmou a inauguração de suas duas primeiras escolas para 2019, que se juntarão ao Colégio Militar [do Exército] de Campo Grande.
A diretora do cursinho Almirante Tamandaré, Juliana Lins, diz que ainda se trata de uma procura de nicho na região da capital sul-mato-grossense. “Tem muita gente dentro da cidade que nem sabe que existe um colégio militar que você pode fazer prova para ingresso. Apesar de ser gratuito e da excelente qualidade do ensino. O que a gente sente é que quem mais procura ainda é quem tenha uma referência militar na família”, conta a diretora.
O professor André Barbosa, do cursinho Magister, no Distrito Federal, discorda que a demanda seja tão restrita – a prova para ingresso no Colégio Militar de Brasília em 2018, por exemplo, teve 117 candidatos por vaga. Barbosa reconhece, porém, que a imagem do novo governo deve levar mais famílias a considerarem a educação militar para os filhos. “Com a chegada do Bolsonaro a gente acredita que divulgou mais, porque ele aparece em vários colégios militares. E no governo, a figura de um general, um brigadeiro, um almirante, isso dá uma visibilidade forte”, constata o diretor.
Segundo o Exército, as escolas militares atendem hoje 12.561 estudantes (81% deles são dependentes de militares). O restante é filho de civis.
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