O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM), elevou o tom das criticas ao presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista publicada nesta segunda-feira (20) pelo Valor Econômico, Marcelo diz que a opinião do governo é “absolutamente irrelevante”, que o Planalto trata todos como se fossem tolos e que o Brasil vive, na prática, um semiparlamentarismo.
“O governo hoje não tem força nenhuma de lutar lá dentro. Dentro da Câmara, ninguém ouve o que o governo diz. A opinião do governo é absolutamente irrelevante para tudo”, afirma o deputado, cujo partido integra o bloco informal batizado de Centrão, que reúne ainda o PP, o DEM, o Solidariedade e o PRB e tem criado embates com Bolsonaro. “O governo não tem seis meses e a palavra impeachment já surgiu. Quem vai ter segurança de investimento em um país com uma instabilidade política como essa?”, questiona.
Ainda na entrevista, o deputado admite que há uma articulação para fundir as mudanças referentes ao equivalente à aposentadoria dos militares à reforma da Previdência dos civis. A ideia é manter como projeto de lei apenas a recomposição salarial das Forças Armadas. O restante da proposta enviada pelo governo ao Congresso passaria a tramitar junto com a reforma. “O governo faz coisas pro-forma como se todo mundo fosse tolo. Mandou o projeto dos militares com impacto fiscal de R$ 10 bilhões e ainda deixou paralisado”, critica o presidente da comissão especial.
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Na última sexta, Marcelo deu a entender que o Congresso poderia propor e votar um texto próprio e ignorar as sugestões do governo. Mas, em entrevista ao Globo nesse domingo, ele ressaltou que a ideia não é jogar no lixo o texto do Executivo, mas permitir aos parlamentares a apresentação de mudanças significativas na estrutura da proposta. Ele defende, por exemplo, a retirada do item que exclui da Constituição todas as regras de aposentadoria e do que autoriza a criação de um regime de capitalização, pelo qual o trabalhador contribui para a própria aposentadoria e não para um bolo a ser repartido com os inativos.
O presidente da comissão disse, ainda, que está disposto a cumprir o cronograma acertado no início dos trabalhos, que prevê a votação da proposta ainda na primeira quinzena de junho. “O que pode atrasar esse cronograma é a turma do Bolsonaro que decidiu atacar o Congresso”, afirmou o deputado ao Globo. Na última sexta-feira o presidente disseminou um texto com críticas ao Congresso e que responsabiliza o Parlamento pela “ingovernabilidade” do país. Os parlamentares reagiram mal ao ato do presidente e viram nele uma tentativa de Bolsonaro de atribuir a eles o ônus pela paralisia do governo.
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