O líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), é o nome preferido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para relatar a proposta de emenda à Constituição da reforma da Previdência na comissão especial, o próximo local por onde a PEC passará após a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O texto foi aprovado por 48 votos a 18 na noite dessa terça-feira (23).
Há um acordo entre as lideranças governistas para instalar a comissão especial nesta quinta-feira (25). Os trabalhos, porém, só começarão após 6 de maio, no retorno do feriado do Dia do Trabalho. Para a presidência do colegiado que analisará o mérito da PEC da Previdência, Maia deve indicar o deputado Marcelo Ramos (PR-AM).
Publicamente, Aguinaldo tem dito que não quer saber de nada relacionado à reforma. Porém, desde que o texto chegou ao Congresso, ele acompanhou a maior parte dos encontros em que o assunto foi discutido com Rodrigo Maia. Para se blindar das especulações, o deputado assumiu a liderança da maioria, afirmando que assim não poderia estar no cargo sugerido. Ele foi líder do governo Michel Temer na Câmara e no Congresso e ministro das Cidades da ex-presidente Dilma.
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“Ele de fato está meio avesso a aceitar. Não quer assumir sozinho. Mas vai acabar ficando, sim. O Maia quer e nós vamos pressionar também”, afirmou ao Congresso em Foco, sob condição de anonimato, um deputado do Centrão, grupo formado por DEM, Solidariedade, PP, PR e PRB. Segundo ele, embora ainda indeciso, Aguinaldo tende a aceitar o convite. A mesma avaliação foi feita por outros dois deputados de partidos diferentes do Centrão.
Aguinaldo é conhecido na Casa como um deputado com trânsito com todos os partidos e capacidade de diálogo inclusive com a oposição. Em sua posição de líder da maioria, tem atuado de forma discreta, como lhe é típico, com foco em conversas de bastidores.
“A reforma da Previdência foi feita dentro de um contexto complementar. Quando foi concebida a emenda 95, foi para haver a reforma, e para redução de gastos para haver equilíbrio fiscal. Vamos ter ambiente de discussão política de mérito em outra ocasião”, afirmou Aguinaldo na reunião dessa terça, ao orientar em nome da maioria contra um dos requerimentos apresentados pela oposição, que tentou obstruir os trabalhos.
Apesar de ser o predileto de Maia, Aguinaldo não é o nome mais bem visto pelo governo. A equipe econômica tem predileção por dois tucanos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vê com simpatia o deputado Paulo Abi-Ackel (MG). Já o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, prefere Eduardo Cury (SP).
O presidente da Câmara já demonstrava irritação desde o início da tramitação da PEC da Previdência com a interferência da equipe econômica, quando Marinho já falava em Cury para a relatoria da reforma na comissão especial.
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