O presidente da bancada ruralista, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), acredita que interesses de mercado estão por trás das declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o avanço do desmatamento da Amazônia. Ele acha que, ao dizer que “nossa casa está queimando”, o dirigente francês não quer apenas chamar atenção para a preservação da região amazônica, mas, mais do que isso, colocar uma tarja de “prejudicial ao meio ambiente” nos produtos agropecuários brasileiros para, assim, garantir mercado para a produção francesa na Europa.
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“Na prateleira do supermercado francês, o cidadão vai querer comprar o frango de qualidade que tem o menor preço. Se o brasileiro tem o menor preço é nesse frango que a mão do consumidor francês vai. O francês sabendo disso vai dizer que esse frango não pode ser vendido porque está contaminado pela falta de preservação ambiental. Por isso, agrega um produto cultural nesse processo, uma história inventada, para tirar a mão do mercado do nosso produto. É uma técnica de mercado”, argumentou o presente da bancada ruralista, concluindo que na verdade “a França está preocupada em não perder o cliente que comprava dela”.
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“A declaração que o presidente da França faz não é de compreensão científica sobre o agro brasileiro, mas é importante para fora, para a comunidade europeia, em termos de consumo, porque pode aparecer uma barreira comercial para nosso produto e permitir que eles continuem competindo”, alegou Moreira, dizendo que essas estratégias são normais em um ambiente competitivo como o do agronegócio. “Este é um ambiente em que o grau de complexidade de interesses é multifacetado”, afirmou. Prova disso, segundo ele, é que a Alemanha tem feito o mesmo na discussão sobre a Amazônia.
“É compreensível porque a matriz da produção agrícola ainda é importante para as economias desses dois países. Além de consumidores importantes do Brasil na política alimentar, eles são concorrentes. E todo empecilho que conseguirem colocar no Brasil é certamente para amenizar os efeitos da concorrência. Faz parte do mercado”, declarou o deputado, concluindo que o que resta ao Brasil é “ter competência para não permitir que essa inverdade passe”. “Se formos competentes, não diminuiremos em nada o nosso mercado”, garantiu.
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Alceu Moreira disse ainda que o agronegócio não é responsável pelas queimadas na Amazônia e que o desmatamento não está crescendo. Ele admite que há crimes ambientais na região amazônica, mas diz que são produto da ação de grupos ilegais que sempre existiram. “Na Amazônia nesse momento tem gente botando fogo de propósito, tem gente roubando minério, tem gente derrubando matéria, mas isso sempre teve. […] Se pegar uma fotografia da Nasa da última semana vai ver que em algumas áreas tem mais fogo do que teve antes, mas em outras tem menos. É um fenômeno difícil de controlar com 180 mil fiscais do Ibama e mil homens do Exército. Por que eles não controlam a entrada de imigrantes na Itália e os coletes amarelos na França e nós temos que controlar um território que é maior que dez países europeus”, atacou o deputado, dizendo que a Europa só se manifestou sobre isso agora por conta da política do governo federal para a Amazônia, que, na sua visão, é acertada.
“A razão disso agora é que o atual governo tem o ativismo de mostrar a soberania sob a Amazônia e uma fiscalização mais intensa sobre as ações das ONGs internacionais. Eles se manifestam com mais velocidade porque tiveram seus interesses atingidos. Se estivessem realmente preocupados com o meio ambiente, certamente teriam a mesma preocupação com a caatinga e a quantidade de lixo que chega no Rio de Janeiro. A Amazônia é o foco porque querem tratar como se fosse um pedaço de chão do mundo, querem ter domínio e liquidar a nossa soberania porque certamente têm outros interesses além da expansão da área agrícola”, alfinetou o presidente da bancada ruralista.
Ele destacou, por sua vez, que o governo brasileiro realmente “tem que ser frontalmente contrário ao desmatamento ilegal, tem que criminalizar quem bota fogo na Amazônia”. “Nós temos que cuidar da nossa Amazônia. Qualquer desculpa dessa não exime nossa obrigação de cuidar do que é nosso”, afirmou Moreira, que, por isso, vai à Europa com outros membros da bancada ruralista para mostrar que o setor do agronegócio não quer flexibilizar a proteção ambiental no Brasil e, assim, tentar proteger o mercado para os produtos brasileiros.
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