O corte de cerca de R$ 1,4 bilhões do orçamento das universidades em 2021 preocupa a comunidade acadêmica. A Associação Nacional das Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes) estima que o funcionamento das instituições públicas perderão “fôlego”. Para Edward Madureira, representante da Andifes e reitor da Universidade Federal do Goiás (UFG), é “difícil prever até que mês as universidades vão funcionar” em 2021.
A redução da verba que consta na Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2021 foi enviada ao Congresso Nacional pela equipe econômica do governo do presidente Jair Bolsonaro. A Andifes estima que haverá um corte de 18,2% no orçamento discricionário (contas de água, luz, serviços terceirizados e manutenções) de 2021 em todas as instituições universitárias.
Os reitores que representam a Andifes ressaltam que o corte de orçamento para as universidades brasileiras vem acontecendo desde 2014, o que já compromete o funcionamento de algumas instituições e que com a pandemia, os gastos tendem a aumentar. “Não tem como reabrir um campus sem limpeza”, ressalta.
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Outro ponto apresentado pelos reitores é a falta de respeito do presidente Jair Bolsonaro à lista tríplice para nomear reitor de universidade. Para a Andifes, nomear o primeiro colocado da lista é “respeitar a escolha da comunidade” e o desrespeito leva a um “retrocesso de gestão”.
Desde o início da gestão de Bolsonaro, 25 reitores foram nomeados pelo presidente e 14 deles não ocupavam o primeiro lugar da lista tríplice segundo a Andifes. É prerrogativa do presidente da República nomear os reitores da universidade.
No dia 17, Bolsonaro nomeou o terceiro colocado da lista para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos André Bulhões Mendes. O deputado federal da base aliada de Bolsonaro, Bibo Nunes (PSL-RS) já tinha antecipado a nomeação de Bulhões ao jornal Estadão. “O reitor foi escolhido dentro da lei, numa lista tríplice. Quem quiser nomear o reitor que faça 58 milhões de votos”, disse na ocasião.