Deputados favoráveis à reforma da Previdência comemoraram a decisão do presidente Jair Bolsonaro de começar a usar sua figura pessoal em defesa da aprovação do texto, especialmente nas redes sociais, mas dizem esperar que o governo evite “distrações” que desviem o foco do projeto.
Desde que a proposta de emenda à Constituição (PEC) foi entregue ao Congresso, há mais de duas semanas, o presidente não havia feito propaganda da reforma em suas redes sociais. Entre quinta (7) e sexta-feira (8), porém, Bolsonaro publicou cinco conteúdos de apoio à proposta em sua conta oficial no Twitter.
O deputado Vinícius Poit (Novo-SP) fez um vídeo com uma lista de cinco equívocos que ele enxerga sobre a questão previdenciária no Brasil, e o material foi compartilhado por Bolsonaro. “A importância de ele [Bolsonaro] se engajar na divulgação da reforma é essencial. Como dirigente, como CEO, como executivo deste país”, avalia o parlamentar.
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Apoiadores da reforma relataram ao Congresso em Foco que ficaram frustrados porque, na avaliação deles, o presidente não estava aproveitando seu canal de comunicação direta com a população. Ele tem 9,35 milhões de seguidores no Facebook e 3,63 milhões no Twitter. Defensores da reforma também se mostraram incomodados com o uso que Bolsonaro fez das redes nos últimos dias, como no compartilhamento de um vídeo obsceno durante o Carnaval.
“Qualquer distração criada pelo próprio presidente pode ser fatal [para a aprovação da reforma]. O centrão quer dilacerar o texto, e se os esforços do presidente não aumentarem, em quatro ou cinco anos teremos de votar outra reforma”, alertou o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Poit também considera que Bolsonaro deve se engajar mais. “Quando tem de falar que eu não concordo eu falo, como nesse post polêmico que ele fez [do Carnaval]. Mas ele fazer a live na quinta e publicar os posts dessa sexta [com conteúdos sobre a reforma] foram uma demonstração de que ele vai priorizar isso mesmo. Agora tem de ter uma continuidade”, avalia o parlamentar do Novo.
Para Kim, Bolsonaro deve ser didático. “Suas redes sociais devem estar mil por cento focadas na reforma. A população precisa entender a proposta para não cair nas mentiras das corporações e entender a importância do projeto”, defende o parlamentar.
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Mudança de opinião
O presidente tem sido atacado nas redes porque era, até o ano passado, contrário a pontos cruciais da proposta do governo para a Previdência, como a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria. Vídeos com declarações duras de Bolsonaro sobre o tema, feitas quando ele ainda era deputado, alimentam críticas da oposição.
Para Poit, o presidente deve encarar este problema de frente. “Eu acho que nada é mais importante do que diálogo e transparência. O pessoal fica batendo nele por isso. Se eu sou o Bolsonaro, eu venho a público e falo: ‘olha, todo mundo está falando aí que eu era contrário à reforma quando era deputado. Mas a gente muda de opinião. Eu entendi que isso é mais importante para o Brasil’. Aí já quebra a perna desse pessoal e pronto”, defende o deputado do Novo.
Vídeo do deputado Vinicius Poit sobre a reforma foi retuitado por Bolsonaro:
“Espírito patriótico”
Bolsonaro afirmou na última sexta-feira (8) que o governo está apelando ao “espírito patriótico” dos parlamentares nas negociações com o Congresso sobre a reforma.
“Estamos fazendo política de maneira diferente, da forma como vinha sendo feita não poderia dar certo. Nós estamos buscando os parlamentares, apelando para o espírito patriótico deles, que o Brasil é um país que, se continuar sem reformas, a tendência nossa, realmente, é chegar à beira do caos e não queremos isso”, disse o presidente.
Abaixo, um dos tuítes sobre a reforma da Previdência feitos por Bolsonaro nessa sexta:
NOVA PREVIDÊNCIA: pic.twitter.com/TbLS1fa3cm
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 8 de março de 2019
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O Presidente precisa, principalmente, “cagar e andar” literalmente para as fofocas da mídia, os verdadeiros inimigos do Brasil.
Enquanto a mídia fica focada em fofocas, coisa de Candinha, ele deve responder com assuntos importantes como: Reforma Previdenciária; Reforma Tributária; Reforma Educacional; Reforma Política; Investimento em Infraestrutura; Investimento em Segurança; Relações Comerciais Internacional, etc.
Enfim, deixar as fofoqueiras falando sozinhas.