O Congresso em Foco estreou, nesta sexta-feira (15), quadro semanal na Rádio Globo de São Paulo com uma informação em primeira mão sobre a reforma da Previdência. Revelamos nesta manhã que a proposta do governo incluirá alíquota maior para servidor público e aumento do prazo de contribuição de militar.
Esse foi o principal tema da conversa do fundador do site, Sylvio Costa, com os apresentadores Mariana Godoy e Mark Tawill. Sylvio participará do programa todas as sextas-feiras, a partir das 7h, sempre com assuntos quentes da política nacional.
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O Congresso em Foco revelou que o governo pretende elevar a alíquota de contribuição previdenciária paga pelos servidores públicos, hoje fixada em 11% da remuneração bruta, para 14%. E também deve aumentar o tempo mínimo de contribuição exigido dos militares como pré-condição para passarem à reserva – de 30 para 35 anos.
PublicidadeClima favorável
Sylvio Costa acredita que, embora seja mais dura do que a apresentada pelo ex-presidente Michel Temer, a proposta do governo Bolsonaro encontrará um clima mais favorável no Congresso. Se até o ano passado uma das grandes discussões girava em torno da necessidade da reforma, agora há pouca divergência sobre a urgência de se alterarem as regras previdenciárias, que estrangulam as contas da União, dos estados e dos municípios.
“Agora a conversa é a seguinte: sim, precisamos da reforma, temos de ter. A situação é insustentável não no longo, mas já no curto prazo. Há uma mudança de clima dentro do Congresso e na sociedade. Parece-me que as chances de aprovação da reforma são muito grandes. O otimismo da Bolsa está relacionado à percepção de que as chances de aprovação da reforma aumentaram”, disse Sylvio, referindo-se à alta na Bolsa de Valores registrada após o anúncio dos primeiros pontos da reforma.
Apoio de governadores
O jornalista entende que o governo federal terá nos governadores um apoio fundamental para aprovar sua proposta no Congresso. Chefes do Executivo estadual costumam exercer grande influência sobre seus aliados no Senado e, sobretudo, na Câmara.
“Líderes de oposição muitas vezes são governo em diversos estados que lidam com problema das aposentadorias impagáveis. Em Minas Gerais, por exemplo, para cada dois trabalhadores na ativa, há três aposentados hoje. É uma situação absolutamente insuportável. Precisa ser feito algo e rápido”, destacou.
Além da solidariedade dos governadores, a pressão do mercado também deve pesar sobre os parlamentares, segundo o fundador do Congresso em Foco. “Sem falar do apoio que o Paulo Guedes tem do setor empresarial. Estamos falando de um assunto considerado prioritário do ponto de vista tributário, mas que também é visto como fundamental para a retomada do crescimento econômico”, lembrou ele.
Problemas na articulação
Sylvio explicou que o governo decidiu delegar aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a condução do processo para votação da reforma da Previdência diante da falta de lideranças governistas capazes de articular a aprovação da proposta. Na avaliação do jornalista, o grande adversário do governo hoje não é a oposição, mas ele próprio, com suas divisões e disputas internas. Essa falta de sintonia, segundo ele, pode prejudicar a votação da proposta.
“Há essa briga imensa do presidente e seus filhos com o Gustavo Bebianno, ministro importante e presidente do partido até recentemente. O governo escolheu como líder um deputado de primeiro mandato, Major Victor Hugo (PSL-GO), que é rejeitado pela própria bancada do partido. É uma situação que pode trazer danos”, disse. A equipe econômica pretende encaminhar a proposta de reforma da Previdência na próxima semana ao Congresso Nacional.
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