Organizações que representam funcionários do Banco do Brasil e do sistema bancário criticaram a decisão da empresa de fechar 361 pontos de atendimento e de oferecer um plano de demissão voluntária (PDV) esperando a adesão de cerca de cinco mil trabalhadores.
Para o presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb), Reinaldo Fujimoto, a falta de transparência fez com que a decisão causasse uma surpresa generalizada. “Em nenhum momento a diretoria do Banco do Brasil ouviu as entidades que representam os funcionários”, afirmou Fujimoto.
“A falta de transparência é um fator muito negativo, lembrando que estamos em um grave momento da Pandemia e as medidas impactam diretamente a vida dos que trabalham no BB e também das comunidades que são atendidas pelo banco”, lembrou.
Fujimoto avalia que o banco não pode sacrificar seu atendimento em prol de competitividade.
“Entendemos que a evolução digital é necessária, mas não pode ser a única maneira de atender 70 milhões de clientes. O atendimento presencial é insubstituível para muitos negócios e serviços”, disse.
A associação teme prejuízos na Caixa de Previdência (Previ) e na Caixa de Assistência (Cassi) do banco, e articula com políticos uma reação. Nesta terça (12), a bancada do PT na Câmara já reagiu ao anúncio que considerou um “disparate”.
Publicidade“As decisões do Banco do Brasil, um dos maiores bancos da América Latina e uma instituição financeira essencial para o desenvolvimento econômico do País, precisam ser mais transparentes e discutidas melhor pelo Legislativo”, resumiu o presidente da Anabb.
Na segunda-feira (11), a associação enviou um ofício ao presidente do do Banco do Brasil, André Brandão, com críticas à proposta.
“Além de sobrecarregar uma rede em que os funcionários têm se desdobrado para prestar serviços de qualidade, alcançar metas e suportar severas pressões e cobranças, a medida desconsidera a realidade brasileira, a dimensão geográfica do país e a necessidade de manter atendimento presencial para milhares de brasileiros”, escreveu a associação.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT) também argumentou que a decisão da empresa não foi tomada com transparência.
Em carta a André Brandão, a representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco, Débora Fonseca, cobrou maiores informações sobre a proposta de redução do tamanho do banco – prevista originalmente em um comunicado ao mercado.
“A definição deste programa deveria ter sido avaliada e deliberada com todo o cuidado por este Conselho, pois altera o planejamento estratégico da empresa, seu posicionamento no mercado e sua presença nas regiões e municípios brasileiros. E tem impactos profundos nos salários e lotação de milhares de colegas”, escreveu a representante.
“A lei me impede de deliberar sobre questões envolvendo as de trabalho. No entanto, o plano de reestruturação aborda temas muito mais amplos do que somente os relativos aos nossos mais de 90 mil colegas.”
Abancada do PT na Câmara também indicou que irá lutar “com todos os esforços legais, jurídicos, legislativos e de mobilização social e política” contra a decisão.
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