Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) se valeu de parte da verba de seu gabinete na Assembleia Legislativa de Alagoas, quando era deputado estadual, para quitar empréstimos bancários entre os anos de 2005 e 2008. As informações estão em um processo da Receita Federal, que afirma que o valor teria como origem o salário de funcionários fantasmas e laranjas em seu gabinete, o que configuraria uma “rachadinha”.
A acusação foi feita pela Receita Federal em um processo movido contra o então deputado estadual em 2009. O caso foi julgado uma vez por uma turma do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em 2014, e ainda não foi novamente apreciado. O valor da cobrança, em 2009, era de R$ 1,9 milhão – e hoje este montante seria mais alto, se Lira não tivesse aderido a um programa de parcelamento de débitos. Veja o processo:
O argumento do Fisco contra o então deputado estadual tinha como base os relatórios da Operação Taturana, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro de 2007 e que apontou desvios de cerca de R$ 300 milhões nos cofres do Legislativo alagoano. Lira é acusado de usar a verba de gabinete sem apontar a destinação dos recursos, o que, segundo a Receita, seria um caso de “acréscimo patrimonial”, passível de tributação no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).
Leia também
O valor, ainda de acordo com a Receita, foi utilizado para quitar empréstimos em dois bancos – o Bradesco e o Rural. A defesa de Arthur Lira argumentou ao Carf que as verbas de gabinete têm caráter indenizatório e que, não implicando acréscimo patrimonial, estão fora da incidência do Imposto de Renda.
O argumento não convenceu a turma de seis conselheiros do Carf, órgão ligado ao Ministério da Economia, que, por unanimidade, deram razão ao Fisco. Segundo o relator, Rubens Maurício Carvalho, o tribunal reconhece que o Imposto de Renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, mas que tal previsão perde a validade “quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa.”
PublicidadeA assessoria de Arthur Lira confirmou que o deputado ingressou em um dos Programas Especiais de Regularização Tributária (Pert) da Receita Federal e disse que ele está em dia com o parcelamento dos débitos. Como o ingresso no programa só ocorre com a impossibilidade de recorrer na Justiça, na prática, Arthur Lira aceita a denúncia feita contra ele pela Receita.
Há ainda três outros processos envolvendo o nome de Arthur Lira no tribunal administrativo aguardando julgamento. Não há menção, na base de dados do Carf, sobre o motivo e o valor da cobrança. Sabe-se apenas que são cobranças relativas ao Imposto de Renda do parlamentar.
> Análise de pedidos de impeachment é compromisso de Baleia, diz Gleisi
> Candidato, Fábio Ramalho quer reduzir protagonismo de líderes na Câmara