Fábio Bispo, especial de Buenos Aires
Os argentinos estão contando as horas para saber qual vai ser a reação do “mundo do dólar” na segunda-feira, após a eleição presidencial deste domingo (27). A moeda americana voltou subir nessa quinta-feira (24), pelo 13º dia consecutivo, e alcançou sua maior cotação no ano, chegando a ser negociado a 65,9 pesos no mercado paralelo, fechando a 63,34. Desde o início do ano a alta acumulada é de 62%. Para evitar uma disparada maior, o Banco Central argentino voltou a injetar moeda no mercado, quase US$ 500 milhões. Esse foi o maior aporte feito pelo governo desde abril de 2018, quando o país entrou em recessão.
As incertezas do mercado se devem à provável vitória, ainda em primeiro turno, de Alberto Fernandez (Partido Justicialista), que tem na sua chapa Cristina Kirchner como vice. Ambos formam a Frente de Todos. As pesquisas apontam vitória de Fernandez com 47% dos votos válidos contra 36% do atual presidente, Maurício Macri, da chapa Juntos por el Cambio, que tem como vice Miguel Ángel Pichetto. Isso porque o opositor de Macri promete uma nova política cambial, gerando ainda mais incertezas de como pode ser o primeiro dia após as eleições.
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Fernandez se apressou em garantir que vai respeitar os depósitos em dólares, caso eleito, sinalizando também ao mercado. No início de outubro, o oposicionista cobrou uma transição cambial do atual governo e cobrou responsabilidade com as reservas do país.
E quando o dólar varia, principalmente como nesta semana, os argentinos correm para as casas de câmbio. Nessa quinta-feira, na rua Florida, conhecida pelo intenso comércio, os hermanos formaram filas para comprar a moeda americana e assim evitar maiores perdas com novas desvalorizações do peso.
Se não bastasse, uma nova remarcação de preços ao consumidor vem ocorrendo desde o início da semana. Segundo confirmou o ministro de Produção e Trabalho, Dante Sica, ao portal Infobae, a justificativa é um possível congelamento de preços após o resultado das urnas.
PublicidadeEnfrentado a pior crise econômica e social em uma década — o desemprego é o maior em 13 anos e a pobreza já alcança 34% dos argentinos—, o país segue amargando indicadores negativos. O último informe do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec), o consumo continua em queda e as vendas nos supermercados diminuíram 7,3% agosto.
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