O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem um aliado no comando da Câmara para aprovar suas propostas econômicas. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz que votou no presidenciável por concordar integralmente com a agenda liberal do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda.
“Votei no Bolsonaro pela agenda econômica dele. Tenho muita convergência com os caminhos que estão sendo propostos pelo Paulo Guedes. Se essa for a agenda do governo no Parlamento, terá sempre o meu apoio”, declarou em entrevista ao jornal O Globo.
Maia disse que a pauta do restante do ano será fechada de acordo com a articulação do próximo governo. Em entrevista a emissoras de TV nessa segunda-feira (29), Bolsonaro afirmou que gostaria de aprovar ao menos uma parte da reforma da Previdência ainda em 2018.
“Eu não sei como o governo vai atuar. A partir do ano que vem, com certeza terá força para aprovar as reformas que propôs na eleição”, respondeu Maia. Ele contou que não conhece a proposta defendida pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil, mas reconheceu que o atual governo pode ter força para aprovar o texto este ano.
“Eu não conheço a proposta do Onyx. Temos duas questões a serem resolvidas: o estoque, que são as pessoas que já estão no sistema, e os novos. Um governo eleito como esse tem sempre força para aprovar suas matérias.”
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O presidente da Câmara admitiu votar este ano a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, promessa que ele havia feito a três meses à bancada da bala. A votação do projeto é considerada uma contrapartida de Maia ao eventual apoio do futuro presidente à sua reeleição na presidência da Casa.
PublicidadeSegundo ele, há consenso para ampliar as restrições ao porte de armas e tirar da Polícia Federal o poder discricionário de liberar ou não a licença, depois de atingidos os pré-requisitos. A principal divergência, explicou, está no porte de armas no meio rural.
“Hoje, no campo, o fazendeiro pode ter a posse de arma na sua propriedade. Mas ele não pode andar em nenhum ambiente no entorno porque não tem o porte. Isso restringe muito a proteção pessoal do produtor rural em relação até à entrada de animais. Só tem que ter cuidado para não virar uma milícia armada. Mas não é uma agenda para a semana que vem, não tem data marcada”, ressaltou.
Bancada da bala se reúne com Bolsonaro e Maia e articula revogação do Estatuto do Desarmamento
Para o deputado, as derrotas do PT e do PSDB este ano mostram o esgotamento do modelo político tradicional. Ele reconheceu que se o Centrão (grupo formado por partidos de direita e centro-direita) tivesse apoiado Ciro Gomes (PDT), como chegou a ser negociado, o resultado da eleição poderia ter sido outro:
“Para ganhar a eleição, está na cara que era [mais forte]. Mas o partido majoritariamente não queria o Ciro. Eu entendia que ele isolava o PT e a gente passava ater condição deter uma candidatura mais ao centro. Dois seriam fortíssimos e que desistiram eram Luciano Huck e Joaquim Barbosa. Como eles não se colocaram, o Jair conseguiu representar esse sentimento de mudança, que ele já vinha trazendo desde a eleição de 2014.”