O jornal Estado de São Paulo publicou matéria assinada pelas jornalistas Talita Nascimento e Cristiane Barbieri com o título “Lojistas de shoppings reabrem portas mas amargam queda de 80% nas vendas”. No conteúdo da matéria um depoimento do diretor de operações da rede de restaurantes Divino Fogão, Emiliano Silva, lamentando: “Ficar aberto não tem pago nem os custos de mercadoria”.
As constatações fizeram-me refletir sobre o intenso debate travado quando das primeiras decisões governamentais pelo fechamento do comércio.
A reação, inconformada e até agressiva de muitos comerciantes parecia ignorar que, antes mesmo dos decretos de suspensão de atividades comerciais, já havia uma grande queda no movimento por conta do medo das pessoas de serem contaminadas.
Lembro que travei intensos debates com amigos comerciantes e pelas redes sociais alertando que, durante o período grave de contágio, abrir era a pior alternativa.
Manter o estabelecimento aberto, com todos os custos fixos e com queda drástica do movimento seria uma temeridade, com prejuízos que tenderiam a ser maiores.
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O isolamento social é necessário e a proteção dos comerciantes nesse momento, ainda de alto contágio e muitas mortes, deve ser com mecanismos de redução de custos, como diferimento de tributos, suspensão de pagamentos de parcelas de financiamentos, suspensão do contrato de trabalho, redução de jornada e salário (com compensação para o trabalhador pelo seguro desemprego), crédito com carência e a juros subsidiados.
O debate sobre reabrir ou não o comércio segue atual, mas é preciso ter ciência de que abrir antes do tempo tende a ser prejudicial para saúde e para economia.
A despeito da irresponsabilidade de muitos que tocam a vida como se nada estivesse acontecendo, para uma maioria não precisa decreto para não sair de casa. Não saem por medo de morrer.