Em seminário que reuniu representantes de dez partidos nesta segunda-feira (20), em Brasília, um grupo de ativistas LGBTI e dirigentes partidários assumiu o compromisso de lançar uma força-tarefa para monitorar a campanha eleitoral, identificar ataques de homofobia e denunciar discursos de ódio e discriminação. A proposta foi apresentada no primeiro dia do III Seminário de Advocacy, Saúde e Cidadania LGBTI+, promovido até a próxima quarta-feira (22) pela Aliança Nacional LGBTI+ com apoio do Congresso em Foco.
Além de buscar a formulação de políticas públicas, os militantes querem acabar com o preconceito e a vulnerabilidade de travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays. Organizador do evento, o presidente da Aliança, Toni Reis, considera fundamental discutir essas questões para não deixar a pauta LGBTI “à margem” das propostas que serão apresentadas na campanha eleitoral.
Participaram do primeiro dia do encontro representantes do PTB, MDB, PDT, PSDB, Avante, PPS, PSB, PV, PT e da Rede. A ideia é quebrar o estigma de que a defesa dos direitos humanos e das minorias só pode ser feita pela esquerda e mostrar que ações concretas em defesa da comunidade LGBTI podem ser tomadas independentemente de ideologia.
Leia também
“Precisamos ter interlocutores em todos os partidos”, disse Toni no evento. O ativista destaca que, das 35 legendas existentes no país, pelo menos sete têm um representante LGBTI+ dentro das executivas: PT, PSDB, PDT, PSB, Rede, PV e PPS.
A Aliança Nacional LGBTI+ também lançou uma plataforma para juntar apoiadores da causa. Dois presidenciáveis já assinaram compromisso: Guilherme Boulos (Psol) e Ciro Gomes (PDT). O documento traz compromissos em prol da aprovação de leis que garantam a plena cidadania, sem discriminação à comunidade LGBTI.
Durante o seminário também foi divulgada a “Carta da Diversidade”, que resume a essência do ativismo LGBTI+: “pacifista, plural, inclusivo, democrático e que visa ao respeito às liberdades individuais, aos direitos fundamentais”.
PublicidadePara Felipe Oliva, do coletivo #VoteLGBT, as eleições podem acirrar os ânimos das pessoas, mas existe muito espaço para a “complementaridade”. O #VoteLGBT é um coletivo criado em 2014 que busca aumentar a representatividade de travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays na política e ajuda as pessoas a encontrarem candidatos que sejam a favor das pautas LGBTI.
O Congresso em Foco é um dos apoiadores do evento. Para Sylvio Costa, fundador do site, o evento é importante para discutir a problemática LGBTI e, principalmente, o problema da intolerância no país. “A luta por direitos LGBTI é a grande luta pela democracia. Nenhum outro movimento social é tão vítima de discriminação”, disse Sylvio.
O primeiro dia do evento foi dedicado ao diálogo. No primeiro momento, todos os presentes contaram suas trajetórias e falaram como podem contribuir para as discussões nos próximos dias. A ideia é traçar estratégias e no último dia levar as pautas para os candidatos e entidades representativas.