A jornalista Tai Nalon sofreu ataques machistas nas redes socias. A onda de mensagens aconteceu após a agência de checagem Aos Fatos divulgar que o procurador do Ministério Público Federal de Goiás Ailton Benedito disseminou informações não comprovadas sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19. A agência Aos Fatos atua com o objetivo de combater as fake news.
Quer saber como é ser jornalista mulher nesta rede social? Vou fazer uma thread só com o carinho da torcida que tenho recebido desde terça-feira. Segue aqui.👇🏻 pic.twitter.com/06y07yLeXZ
— Tai Nalon (@tainalon) November 13, 2020
Já reportei vários tweets. Estou em contato com o @TwitterBrasil. Até agora, nenhuma reação da parte deles. 🤷🏻♀️
Leia também
— Tai Nalon (@tainalon) November 13, 2020
O procurador disse que vai processar Tai Nalon e alegou violação de seus direitos fundamentais de liberdade de expressão.”As autodeclaradas ‘agências de checagem de fatos’, seus donos e seus empregados não têm imunidade a críticas nem à responsabilização jurídica pelos seus atos”, disse por meio do Twitter.
INFORMAÇÃO. Estou processando judicialmente @aosfatos, autodeclarada “agência de checagem de fatos”, em consequência de violação a meus direitos fundamentais.
Então, @aosfatos, vai checar e rotular este tweet de #FakeNews ou desinformação?
— 🇧🇷Ailton Benedito (@AiltonBenedito) November 11, 2020
Brasileiro que sofre ameaça ou lesão a direitos fundamentais, inclusive perpetrados por jornalistas, rádios, jornais, revistas, TVs e suas autodeclaradas “agências de checagem de fatos, pode buscar a tutela do Poder Judiciário, nos termos da Constituição, artigo 5º, inciso XXXV.
— 🇧🇷Ailton Benedito (@AiltonBenedito) November 11, 2020
Mais de 100 jornalistas do Brasil, de diversos veículos de imprensa, apoiaram Nalon e assinaram um Manifesto com as “mentiras e misoginia” ditas pelo procurador. Leia na íntegra:
Nós, jornalistas e mulheres de diferentes veículos, abaixo assinadas, repudiamos com veemência os ataques sórdidos, mentirosos e misóginos proferidos em redes sociais pelo blogueiro Leandro Ruschel e pelo procurador do Ministério Público Federal Ailton Benedito, que vêm atacando e instigando ataques à jornalista Tai Nalon, diretora do Aos Fatos, uma das principais agências de checagem do País.
O Aos Fatos revelou que Ailton Benedito divulgou informações sem comprovação sobre o uso da cloroquina contra a COVID-19.
Além de disseminar mentiras e propagar o ódio e estigmas de cunho machista contra uma mulher, o que configura uma violência de gênero, o procurador Ailton Benedito está processando a jornalista Tai Nalon com uma tática conhecida internacionalmente como SLAPP (Strategic Law Suit Against Public Participation), que é uma estratégia na qual um grande número de ações são propostas em juízo, não com o intuito de obter a prestação jurisdicional pretendida na inicial, mas sim de tentar intimidar o réu e com isso, interditar o debate público.
É inadmissível que um membro do MPF aja em desacordo com a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.
Nós, jornalistas mulheres, temos o nosso direito de trabalhar e informar.
Toda jornalista tem o dever de apurar e checar falsidades, diga-se desinformação, vindas de qualquer autoridade.
Nós repudiamos a atitude do procurador e seus apoiadores. A sociedade brasileira deve se opor de forma veemente a este tipo de conduta, que torna-se cada vez mais grave e frequente, atentando contra a segurança das jornalistas.
Em defesa do jornalismo produzido por mulheres, pela democracia e liberdade de expressão, assinam por ordem alfabética:
Adriana Pimentel Bezerra, Agência Eco Nordeste
Adriana Czelusniak
Aline de Oliveira Rios, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
Andréa Morais – Ministério Público do Paraná
Ana Paula Mira, Universidade Positivo
Alessandra Petraglia, Meio
Ágatha Santos
Caê Vasconcelos, Ponte Jornalismo
Carolina Monteiro, Marco Zero Conteúdo
Carolina Oms, revista AzMina
Cristiane Rangel, ParanaPrevidência
Carolina Cattani – C Ideias de Comunicação
Cristina Rios – Urbs
Daniele Ribeiro Moura, Maré de Notícias
Denise Mello, Banda B
Elaíze Farias, Agência Amazônia Real
Eliane Brum
Elza Aparecida de Oliveira Filha, UTFPR
Érica Carnevalli, Meio
Edilma Rangel, Freelencer
Fernanda Baldioti, #Colabora
Fernanda Lara Peres Rangelov
Flávia Oliveira
Giulliana Bianconi, Gênero e Número
Helena Bertho, AzMina
Iris Brasil, Agência Amazônia Real
Jamile Santana, AzMina
Jeniffer Mendonça, da Ponte Jornalismo
Jess Carvalho, Plural
Jéssica Tamyres dos Santos, Ponte Jornalismo
Janaina Garcia, UOL
Kátia Brasil, Agência Amazônia Real
Katna Baran, Folha de S. Paulo
Kristiane Rothstein – Expressa Comunicação
Karla Losse Mendes – Conselho de Psicologia do Paraná
Lara Sfair, VivaVox
Lia Soares, Favela em Pauta
Liana Melo, #Colabora
Liliam Sampaio Cunha
Lia Rizzo, Universa/UOL
Lenise Aubrift Klenk – PUCPR
Maria Cecília Costa, Amazônia Real
Maria Elisa Muntaner, Ponte Jornalismo
Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo
Mariana Franco Ramos, SindijorPR e De Olho nos Ruralistas
Marina Oliveira, Congresso em Foco
Maristela Machado Crispim, Agência Eco Nordeste
Mara Cornelsen
Maiara Bastianello – Band
Maigue Ghets
Mariana Czerwonka
Maria Celeste Correa
Melina Gunha
Mauren Luc, Plural
Maigue Gueths
Marina Menezes, Nexo
Marília Sena, Congresso em Foco
Maria Martha Bruno, Gênero e Número
Nádia Pontes
Natacha Cortêz
Natália Leal, Agência Lupa
Nina Weingrill, Énois
Natália Viana, A Pública
Natália Leão, Gênero e Número
Paula Guimarães, Portal Catarinas
Paula Miraglia, Nexo
Patrícia Guimarães Gil – ESPM
Rosiane Correia de Freitas, Plural
Renée Castelo Branco
Samira Castro
Schirlei Alves
Vandreza Amante, Portal Catarinas
Vanessa Barbara, New York Times
Vanísia Mangueira, Cebrasse
Valquíria Daher, #Colabora
Viviane Ongaro, Faculdades Opet
Vivian Faria, freelancer
Verônica Macedo
Assinaram também:
Sandra Nodari, Universidade Positivo
Cinthia Alves, Sintcom
Vanessa Ricetti Ricardo
Silvia Calciolari
Luciana Alves de Deus, Luadeus Comunicação
Debora Iankilevich
Ligia Gabrielli
Larissa Cavallin
Jaqueline Pereira
Juliana Bauerle Motta Peretti
Márcia Mendes Ribeiro
Petry Souza
Marluz Luz
Myrian Del Vecchio, Universidade Federal do Paraná
Cíntia Bruno, CB Comunicação
Rô Michels
Amanda Koiv
Raíssa Melo, Agência de Notícias da Favela
Elaine Felchaka
Melissa Bergonsi
Ane Meira Mancio
Veronica Macedo
Magaléa Mazziotti
Vivian Faria
Renata Guerra
Tayná Soares
Ellen Taborda, Correios
Raquel Cozer, Harper Collins
(para assinar o manifesto envie o e-mail para: jornalistas.mulheres2020@gmail.com)