Em 21% dos domicílios brasileiros, os idosos são responsáveis por 90% da renda, os dados foram levantados pela doutora em estudos populacionais Ana Amélia Camarano. Em entrevista concedida ao Instituto Humanitas Unisinos, a pesquisadora afirmou que a cada idoso que morre, mais uma família entra na pobreza. “A situação, do ponto de vista econômico, da população adulta está difícil e, dentro dos domicílios onde vivem os idosos, existe uma parcela significativa de adultos que não trabalha”, explicou a pesquisadora.
Ana Amélia é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e professora temporária da Fundação Getulio Vargas (FGV). A entrevista feita pela Unisinos, instituição de ensino superior do Rio Grande do Sul, foi publicada no dia de 5 junho.
Segundo Ana Amélia, existe a dificuldade dessa população de se inserir no mercado de trabalho “e isso já vem acontecendo há algum tempo; não é de agora. Inclusive, têm crescido os “nem-nem-nem” maduros, que são homens entre 50 e 64 anos que não trabalham nem são aposentados. Observo esse cenário há algum tempo”.
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Os nem-nem-nem, citados pela pesquisadora Camarano, se refere a quem nem estuda, nem trabalha e nem está procurando emprego. Segundo a pesquisa “Eles dizem não ao não”, realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em maio de 2019, dos jovens nem-nem-nem, dois terços são mulheres. Três, a cada 10 dessas meninas saem da escola por gravidez precoce.
Mas nem todos os nem-nem-nem são jovens. De acordo com Ana, a causa dessa categoria de adultas está na dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. “Dentre eles predominam os de escolaridade muito baixa; 75% têm menos de quatro anos de estudo. Soma-se a isto a dificuldade destes indivíduos de conseguirem um histórico de contribuição que lhes permita se aposentar”, afirmou ao IHU.
A pandemia da covid-19, cujo grupo de risco são justamente os idosos, traz à tona a preocupação do sustento das famílias. “No total, cinco milhões de pessoas dependem da renda dos idosos: 4,1 milhões de adultos e 900 mil crianças”, disse a pesquisadora. Ou seja, se esses idosos vierem a faltar, ao menos 4,1 milhões de brasileiros não terão renda nenhuma.
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