Anunciada na tarde desta quinta-feira (6) como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro (PSL), a assessora parlamentar Damares Alves se comprometeu a “fazer seriamente o enfrentamento à violência contra a comunidade LGBT”. A futura chefe da pasta, que também é pastora evangélica, afirma que se criou uma “falsa guerra entre cristãos e LGBT”, e pregou diálogo e proteção. Mas ela se diz contrária ao que classifica como “ideologia de gênero” (leia mais abaixo).
“Que isso fique bem claro. Se precisar, estarei nas ruas com as travestis. Se precisar, estarei na porta das escolas com as crianças que são discriminadas por sua orientação sexual”, prometeu Damares.
A pastora se declara, há muitos anos, contrária à tal ideologia de gênero – termo rejeitado por gays, lésbicas, transgêneros, travestis e outras minorias, que preferem “identidade de gênero”. Em vídeo de março de 2017 (veja abaixo) reproduzido pelo site O Fuxico Gospel – originalmente veiculado em seu canal pessoal do Youtube, que foi apagado –, ela afirma que “a questão da ideologia de gênero está entranhada no Ministério da Educação há mais de 30 anos”.
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No discurso, Damares critica iniciativas como o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, que tem apoio do Ministério da Educação e teve sua 11ª edição no ano passado.
Veja o vídeo:
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Divisão na comunidade LGBT
Ativistas dos direitos homoafetivos têm visões distintas sobre a futura ministra. Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+ (ALGBTI), considera que Damares “é uma pessoa de diálogo fácil”, apesar das pautas que defende. “Ela tem posições relativamente conservadoras, mas é com esse governo que nós vamos ter que dialogar nos próximos quatro anos, no mínimo”, reconhece.
O sercetário-executivo do Grupo Arco-íris, Claudio Nascimento, é menos otimista. “Não me causa surpresa a indicação de uma ministra com um currículo extremamente inadequado para essa agenda de Direitos Humanos”, afirma o dirigente da entidade, que avalia que “o momento é de alerta total” com as políticas da pasta. “Ela foi a pessoa que inventou a mentira do kit gay”, acusa Nascimento, se referindo à polêmica sobre o projeto Escola sem Homofobia.
Nesta entrevista ao portal Sempre Família, do jornal Gazeta do Povo, Damares afirma ter atuado para impedir que o material chancelado pelo Ministério da Educação, em 2010, fosse distribuído às escolas.
“O Kit Gay daquela confusão, de fato, não chegou às escolas, mas outros kits, outros materiais, bem piores, chegaram e chegam todos os dias”, declarou ao portal.
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