O gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou a mãe e a mulher do ex-capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, homem-forte de uma organização criminosa. O policial é alvo de um mandado de prisão expedido nesta terça-feira (22) em operação da Polícia Civil que prendeu acusados de integrar o Escritório do Crime. O ex-capitão é considerado foragido. Ele ainda não foi encontrado pelos policiais.
As informações são do jornal O Globo.
Acusado há mais de uma década de envolvimento em homicídios, Adriano e outro integrante do Escritório do Crime foram homenageados em 2003 por Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativo do Rio (Alerj).
O senador eleito diz, em nota (veja a íntegra mais abaixo), que a indicação das duas assessoras foi feita por Fabrício Queiroz e que homenageou o ex-policial por atuar na defesa de agentes de segurança e que já prestou reverência a centenas de outras pessoas. Ele afirma que não pode ser responsabilizado por fatos que eram conhecidos naquele momento.
“Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar”, afirmou. “Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos”, acrescentou.
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Na época, o deputado estadual propôs moção de louvor e congratulações a Adriano e um major preso hoje por prestar “serviços à sociedade com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades”.
A Operação “Os Intocáveis” prendeu ao menos cinco pessoas. Nascido de um grupo de milicianos em Rio das Pedras, o Escritório do Crime é considerado a falange mais perigosa do Rio. Entre os presos, está o major da ativa da PM Ronald Paulo Alves Pereira, que também foi condecorado por Flávio meses após ter sido apontado como um dos autores de uma chacina que deixou cinco jovens mortos em São João de Meriti.
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Amigo de Queiroz
O ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega é amigo de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio suspeito de recolher parte dos salários de servidores do gabinete. De acordo com o Globo, Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano, e a mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, trabalharam com o deputado estadual até 13 de novembro de 2018, quando pediram exoneração. Elas recebiam R$ 6.490,35. Raimunda repassou R$ 4,6 mil para a conta de Queiroz, conforme a reportagem.
Adriano já foi preso em uma operação, em 2011, de combate ao jogo do bicho. As acusações levaram à sua expulsão da PM.
Segundo a Receita Federal, Raimunda é sócia de um restaurante em frente ao qual há uma agência do Itaú em que foi registrada a maior parte dos depósitos em dinheiro vivo feitos na conta de Queiroz, informa O Globo.
De acordo com o jornal, foi nas imediações da favela de Rio das Pedras que uma câmera de trânsito flagrou o Cobalt prata dos assassinos da ex-vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, passando pelo local, antes da emboscada, em 14 de março do ano passado. Segundo a reportagem, é de conhecimento de policiais e do submundo do crime que o grupo tinha como principal atribuição matar sob encomenda.
Veja a íntegra da resposta de Flávio Bolsonaro:
“Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro.
A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão.
Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei.
Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar.
Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens.
Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos.”
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