Oito em cada dez homens assassinados no Brasil são negros –e, no Brasil, um homem negro é três vezes mais propenso a ser morto por uma arma de fogo do que um não-negro.
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O dados estão no estudo “Violência armada e racismo: O papel da arma de fogo na desigualdade racial” (leia na íntegra aqui), do Instituto Sou da Paz, com dados de 2022. O relatório acusa uma “distinção clara no perfil racial das vítimas de homicídio por armas de fogo”.
- A taxa de homicídio por armas de fogo entre homens negros é de 44,9 em cada 100 mil homens. Entre os homens não-negros, ela é de 14,7 por 100 mil.
- Em termos percentuais, 79% dos homicídios masculinos por arma de fogo têm homens negros como vítimas. Não-brancos são 19,8%, enquanto 1,2% têm raça-cor ignorada.
- A mortalidade de homens negros é superior à de homens não-negros em 26 dos 27 estados no Brasil. Santa Catarina é a única exceção.
No estudo, o Instituto Sou da Paz recomenda aponta a presença das armas de fogo como elemento central da dinâmica da violência e indica maiores mecanismos de controle como uma medida a ser tomada.
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- “As dinâmicas criminais têm diferentes configurações locais, mas contam com um elemento comum, a arma de fogo como mecanismo essencial do controle territorial e do desenvolvimento das economias ilegais. […] Para superar esse cenário é preciso investir em múltiplas frentes de políticas públicas, de modo a enfrentar os fatores da violência armada e as profundas desigualdades raciais que favorecem a vitimização da população negra nesse contexto.”
- “O fortalecimento do controle de armas no país se impõe como elemento central para reduzir o tráfico de armas e, consequentemente, o poder das organizações criminosas. Aprimorar as normas e os mecanismos de controle é requisito para reduzir a circulação de armas de fogo, tanto legais quanto ilegais, na sociedade brasileira.”
- “Homens negros, especialmente os jovens, são desproporcionalmente impactados pela violência letal, o que reforça a necessidade urgente de ações que enfrentem o racismo estrutural presente nessas dinâmicas. Essas estratégias devem combinar segurança pública com políticas sociais, buscando não apenas conter a violência, mas também combater suas causas raciais e estruturais.”
Dia da Consciência Negra
O estudo do Instituto Sou da Paz foi divulgado no dia 19 de novembro, véspera do feriado do Dia da Consciência Negra no Brasil. É o primeiro ano depois que a data passou a ser considerada um feriado nacional. Entenda melhor aqui.