O vice-presidente Hamilton Mourão atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro a decisão de divulgar por um canal do governo um vídeo de apologia ao golpe militar de 1964. “Decisão do presidente. Foi divulgado pelo Planalto, é decisão do presidente”, afirmou Mourão ao Globo.
A declaração do vice-presidente contraria a posição da Secretaria de Comunicação da Presidência, que se recusou a informar de onde partiu a ordem para a divulgação do vídeo por meio de rede social. Não há identificação da autoria da peça.
Veja o vídeo:
Na gravação um homem não identificado sobre “um tempo de medo e ameaças” provocadas pelo comunismo. Segundo ele, “jornais, rádios, TVs e principalmente o povo na rua” apelaram ao Exército para impedir a ascensão dos comunistas ao poder. No encerramento do vídeo, o narrador afirma que “o Exército não quer palmas nem homenagens. O Exército apenas cumpriu o seu papel”.
A oposição já anunciou que vai acionar a Procuradoria-Geral da República contra a divulgação do vídeo. O Psol acusa o governo de violar tratados internacionais assinados pelo país na defesa dos direitos humanos e de ter cometido improbidade administrativa.
O partido também pretende apresentar pedidos de convocação, no plenário e em comissões da Câmara, do ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, para cobrar esclarecimentos sobre o assunto. O PT adiantou que vai discutir que providências tomar diante do caso. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou que vai pedir a retirada do vídeo das redes sociais.
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O presidente Jair Bolsonaro é defensor do regime militar. De acordo com o presidente, não houve ditadura nem golpe no Brasil. Ele também minimiza os casos de tortura, assassinato e desaparecimento de homens e mulheres no período, que se estendeu de 1964 a 1985. Estima-se que quase 500 brasileiros foram mortos durante a ditadura por discordarem do regime.
Desde seu primeiro mandato como deputado federal, iniciado em 1991, Jair Bolsonaro coleciona frases e atos em defesa dos governos militares. Agora na Presidência, Bolsonaro recolocou o debate em pauta ao orientar as Forças Armadas a fazerem “as devidas comemorações” à tomada do poder em 31 de março de 1964, data que completa 55 anos neste domingo. Diante da repercussão negativa da sugestão, o governo passou a falar em “rememoração”. O episódio suscitou manifestações em várias partes do país contra o golpe.