Alheio aos 19 milhões de brasileiros em situação de fome no Brasil, e aos mais de 14 milhões de desempregados, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em conversa com seus eleitores no cercadinho do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (3), o presidente gabou-se de o Brasil garantir parte da segurança alimentar do Catar, ao comentar sobre a viagem que fará ao país do Oriente Médio dentro de dez dias.
“Parabéns à Tereza Cristina (ministra da Agricultura). Nós alimentamos uma em cada cinco bocas no mundo. O agronegócio vai muito bem”, declarou aos que acompanhavam a conversa. “Vá plantar, vá criar boi. Faz o que eles estão fazendo. Trabalhe de domingo a domingo, porque o dono da fazenda não tem CLT.”
As declarações vêm num momento em que o governo encerrou o programa Bolsa Família, que atendia a 14 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade, sem ainda saber como bancar o substituto e ainda buscando como viabilizar o Auxílio Brasil. Além disso, o governo encerrou o pagamento do Auxílio Emergencial no dia 31 de outubro.
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Apesar de incensar os resultados do agronegócio, a fome no Brasil é maior nas áreas rurais.
PublicidadeDe acordo com Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) neste ano, menos da metade dos domicílios brasileiros (44,8%) tinha seus moradores em segurança alimentar. Dos demais, 55,2% que se encontravam em insegurança alimentar; 9% conviviam com a fome, ou seja, estavam em situação de insegurança alimentar grave, sendo pior essa condição nos domicílios de área rural (12%).
Do total de 211,7 milhões de brasileiros, a pesquisa mostrou que 116,8 milhões conviviam com algum grau de insegurança alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros enfrentavam a fome. Observou-se que a insegurança alimentar grave no domicílio dobra nas áreas rurais do país, especialmente quando não há disponibilidade adequada de água para produção de alimentos e aos animais.