Saiu a lista. A tão esperada lista. Melhor, saíram duas: a lista do Janot e a “lista suja” do trabalho escravo. Desta última os fazendeiros e os deputados ruralistas não queriam nem ouvir falar.
Antes da lista do Janot ser publicada, um amigo me perguntou “qual a diferença da lista de Schindler da lista do Janot?”. Não soube responder.
Logo entendi que havia alguma dose de humor na resposta. É o brasileiro, mesmo antes da lista se tornar pública, brincando com a desgraça (?) ou a graça (?) alheia.
Para muitos, graça, para alguns poucos (os da lista), desgraça. Para muitos, a indignação e para a maioria, imagino, indiferença. Imagino indiferença porque todos que na lista estão receberam, ainda recentemente, votos, e muitos dos que votaram foram aqueles que foram em junho de 2013 para as ruas para “protestar”.
Não sabendo eu a resposta da diferença entre uma lista e outra, meu amigo emendou: a lista de Schindler tirou muitos do sofrimento e do holocausto, e a do Janot está colocando muitos no sofrimento.
Acredito, ainda por acreditar no ser humano, que, mesmo os que estão na lista e tenham “culpa no cartório” sofrem. Sofrerão ainda mais os que são inocentes e entraram na lista para serem investigados.
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A simples presença na lista significa, para muita gente, a culpa e a condenação, e tem esse significado porque a imprensa (Veja, Globo, Folha, Estadão, Época, etc., etc.) e muitos blogs têm condenado todos aqueles que os bandidos listam, sem provas, como receptores de recursos financeiros.
Preferem acreditar no bandido, que na inocência. Pior, têm colocado os bandidos na mídia como heróis nacionais.
Hoje, pela cobertura enviesada e direcionada contra alguns, principalmente se petistas, pela mídia, se o bandido sair na rua provavelmente será aplaudido e um inocente que esteja na lista elaborada por Janot, baseado no que os bandidos falaram sem provas, será vaiado e xingado.
Não estou defendendo ninguém da lista, tampouco condenando. Só estou imaginando o sofrimento dos inocentes que eventualmente constem dela.
Janot não condenou ninguém. Simplesmente elaborou uma lista com os nomes das pessoas que devem ser investigadas. Mas, pela maneira como a imprensa vem distorcendo os fatos, todos da lista já estão previamente condenados.
A imprensa não é culpada da lista, mas é culpada de como direciona o noticiário e distorce fatos. Distorce tanto que só o fato de ter o nome para ser investigado já significa a condenação.
Poderia dar dezenas de exemplos das mentiras e/ou distorção dos fatos feitos pela imprensa, mas ficarei somente com dois. O primeiro é como a revista Veja cobriu o recente período eleitoral.
Na véspera das eleições de 2014, Veja fez uma capa e uma matéria mentirosas. Tanto que teve, por obrigação judicial, de corrigir a versão online da matéria no dia das eleições.
Na ocasião deste crime de Veja contra Dilma, Lula e o PT, o presidente da Editora Abril, que edita a Veja, era Fábio Barbosa, o mesmo diretor que recentemente cometeu outro crime contra o Frei Chico, irmão de Lula e teve que pedir desculpas publicamente.
O segundo caso de manipulação da informação foi feita pela Folha de S.Paulo na semana passada. A Folha registra em manchete que “Janot rejeita inquéritos sobre Dilma e Aécio”.
Manchete mentirosa, pois a Dilma nunca foi citada na Operação Lava Jato. Já o Aécio foi citado na operação Lava Jato e estava na lista inicial. Foi retirado pelo Janot e muitos querem saber a razão, pois há muito a ser investigado sobre Furnas e sobre Aécio.
A outra é a “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo jornalista Leonardo Sakamoto.
Nesta lista chama a atenção o número de fazendeiros que usam do trabalho escravo em suas fazendas. É enorme, inclusive o senhor Antônio Ramos Caiado Filho, tio do deputado federal Ronaldo Caiado. É o segundo parente de Caiado flagrado com trabalho escravo.
Será que o senador Caiado, que no debate sobre o programa Mais Médicos se dizia tão “preocupado” com a questão da escravidão, não tem nada a falar?
Ah! Estava esquecendo, há ainda a lista do Dunga. Mas esta parece que caiu no esquecimento.