A vida não estava nada fácil para o norte-americano Lance Brown. Afinal, ele não tinha uma casa para morar, não conseguia emprego e passava fome enquanto vagava pelas ruas. Desesperado, vislumbrou uma saída: a prisão. E foi assim que, nos idos de 2011, Lance passou a atirar pedras em prédios públicos até ser preso – e ver-se livre da fome e do abandono.
Há também o caso de Frank Morrocco, um outro norte-americano gravemente doente. Sofrendo de leucemia, ele simplesmente não conseguia tratamento junto ao sistema de saúde pública, e nem dispunha de recursos para adquirir medicamentos caríssimos. A solução? Ser preso, claro! Ei-lo, pois, furtando produtos em lojas até conseguir ser condenado e encaminhado para uma penitenciária – na qual, finalmente, conseguiu os medicamentos de que necessitava.
E que dizer de Dillon Stames, um outro norte-americano? O dito cujo buscava, desesperadamente, livrar-se do vício em heroína – mas simplesmente não conseguia ajuda para tal. Também aqui, a providência encontrada foi ir para a prisão. Afinal, lá os meios de recuperação e o isolamento são maiores. Idêntica providência foi adotada pelo brasileiro Vanderlei Morais, da cidade de Camacan, o qual declarou que “só poderia ser liberto do seu vício caso ficasse por um bom tempo encarcerado”.
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Problema parecido enfrentava Etta Mae Lopez, moradora da California (EUA). Viciada em nicotina, buscou ajuda a torto e a direito, mas ninguém manifestou interesse em ajudá-la. Desesperada, dirigiu-se à porta de uma prisão e deu uns tabefes no primeiro policial que viu. E foi assim, presa, que ela conseguiu tratamento.
Mas vamos a outro episódio: em 2011 um certo Richard James, 69 anos de idade, se arrastava pelas ruas dos Estados Unidos carregando um tumor no peito e duas lesões graves na coluna. Não conseguindo tratamento médico, e incapaz de trabalhar, buscou socorro junto ao mundo penitenciário: dirigiu-se a um banco, falou que estava armado, exigiu que a caixa lhe desse US$ 1, sentou-se em uma cadeira e aguardou até ser preso – para, finalmente, ser tratado.Longe dali, na Itália, tudo que um morador da Sicília queria era ficar longe da esposa. Como não conseguia, armou-se de um canivete, foi a uma loja, anunciou um assalto e ficou esperando ser preso. Caso similar aconteceu aqui no Brasil – neste, inclusive, a polícia encontrou o candidato a presidiário na porta de casa, com a mala ao lado.
Não menos impressionante foi o caso de um alemão condenado por pedofilia. Após cumprir nove anos e meio de reclusão, ele foi liberado pelo tribunal de Mönchengladbach contra a vontade –argumentava que ainda não havia concluído seus tratamento e processo de ressocialização, ou seja, que continuava a ser uma ameaça à sociedade. Diante da insistência do sistema judiciário alemão em soltá-lo, o dito cujo fincou o pé, declarou-se perigoso e acabou sendo aceito de volta à prisão.
Enquanto isso, aqui no Brasil, um menor residente na cidade de Nazarezinho também procurou a polícia, buscando libertar-se do mundo do crime dentro de alguma prisão, já que pelas ruas não encontrara apoio algum.
Encerro com o caso do brasileiro que agrediu policiais até ser preso, a fim de que pudesse zelar pela vida do filho, condenado, que estaria sofrendo ameaças dentro da penitenciária na qual cumpria pena.
Diante desses exemplos, fiquei a pensar na genial frase de Stendhal: “Quando se está preso, o pior é não poder fechar-se a porta”.
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