Mesmo inelegível e fora do exercício de qualquer cargo público, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recebido como autoridade durante a posse de Javier Milei na presidência da Argentina no último domingo (10). O ex-mandatário brasileiro estava acompanhado em Buenos Aires por uma comitiva formada pelo filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre outros, para prestigiar o aliado ideológico argentino.
Na ocasião da eleição de Javier Milei, o ex-chefe do Executivo reforçou o apoio ao presidente argentino eleito e a vitória da democracia. “Hoje a Argentina representa muito para aqueles que amam a democracia e respiram a liberdade” disse em publicação no X (antigo Twitter). Apesar de valorizar a democracia na postagem e se declarar como “democrata” e “amante da liberdade” durante videochamada com Milei, o ex-presidente coleciona uma série de episódios com ataques à democracia.
Relembre esses episódios:
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Abaixo, a conversa de Bolsonaro com Milei após sua eleição, na qual ele diz ser um amante da democracia:
– Segunda-feira
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– 20/novembro.
– 10h20.
– @JMilei , @jairbolsonaro e @BolsonaroSP pic.twitter.com/4SfFlLE5ep— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 20, 2023
Tortura, ditadura e eleições
Os posicionamentos de Bolsonaro sobre temas como tortura, ditadura militar e legalidade do processo eleitoral corroboraram para a conclusão de que ele diversas vezes atacou a democracia, de acordo com relatório das Nações Unidas publicado em junho deste ano. Apesar de acusar o ex-presidente de ferir a democracia, o documento do Conselho de Direitos Humanos da ONU não tem poder de aplicar sanções a ele.
A Organização das Nações Unidas acusou Bolsonaro, entre outros crimes, de atacar as instituições democráticas, colocar em dúvida o sistema eleitoral do país, promover a influência militar em ministérios, defender abertamente a ditadura militar brasileira, e minimizar a pandemia e seus efeitos.
A defesa do regime militar e da tortura, por exemplo, antecedem seu mandato como presidente. Durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, Bolsonaro homenageou o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como “pavor” da líder do Executivo. O coronel, já falecido, foi o primeiro a ser condenado por tortura referente ao período da ditadura militar no Brasil. Dilma aponta Ustra como o responsável pelas sessões de tortura que sofreu enquanto esteve presa no Doi-Codi. Em entrevistas antigas, Bolsonaro admitiu ser apoiador de tortura e chegou a lamentar o número de mortos pela ditadura militar.