No próximo sábado (17), a executiva nacional do Psol decidirá formalmente se fará ou não parte do governo Lula (PT). Apesar de ter apoiado sua campanha presidencial, o partido, que terá 12 deputados em 2023, não garante a composição. Em entrevistas ao jornal Folha de S. Paulo, a líder de sua bancada na Câmara, deputada Sâmia Bomfim (SP), declarou já haver maioria na executiva para adotar uma postura independente no próximo exercício, sem fazer oposição mas também sem se comprometer com o novo governo.
O Psol, porém, é federado com a Rede, partido cujos quadros estão envolvidos em peso na nova gestão. O senador Randolfe Rodrigues (AP) foi um dos coordenadores da campanha eleitoral de Lula, e a deputada eleita Marina Silva (SP), fundadora da sigla, é um dos nomes cotados para assumir o Ministério do Meio Ambiente, tendo inclusive acompanhado o presidente eleito em sua viagem ao Egito para a COP27.
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Pela regra definida para a formação de federações partidárias, a Rede e o Psol terão de se comportar pelos próximos quatro anos como se fossem um único partido. Por isso, a possibilidade de a diferença de posição sobre o governo eleito poder gerar conflito. Apesar do estatuto dessa união permitir que um componha o governo e outro não, restarão questões práticas ainda não discutidas entre os dois: por serem federados, os dois terão uma única orientação ao discutir projetos no Legislativo, um único voto durante as votações simbólicas (frequentemente usadas em comissões e na apreciação de destaques), e farão parte de um único bloco parlamentar. Assim, se a federação, por exemplo, fechar questão quanto ao apoio a um projeto do governo, os dois partidos precisarão votar da mesma forma.
“Rede é governo”
Ao Congresso em Foco, Randolfe Rodrigues afirma que, independentemente do caminho trilhado pelo Psol, a Rede não deixará de compor com o PT e Lula. “Rede é governo. Não cabe outra medida aos partidos que apoiam o presidente Lula do que ajudá-lo a governar agora, não há um meio termo. (…) Não imagino de qualquer um dos partidos associados qualquer outra posição que não seja defender o governo eleito, defender o governo e defender o país”.
O parlamentar também chama atenção para a postura adotada pelos partidos que já anunciaram o intuito de fazer parte da oposição, o PL e o Novo. “A oposição contra nós é o fascismo, não existe uma oposição de direita hoje. Respeitamos que criem oposições independentes em relação ao governo, mas a oposição organizada contra o presidente Lula é o fascismo”, declarou.
A oposição declarada já é um caminho descartado pelo presidente do Psol, Juliano Medeiros. As duas correntes em discussão debatem se o partido ficará mais associado ao PT e ao governo, acrescentando seus parlamentares na formação de um bloco mais amplo, ou se a sigla tentará servir como um “pêndulo à esquerda”, mantendo-se fora da composição para poder orientar contra projetos que considerar mais à direita que o governo venha a abraçar em troca de maior governabilidade.