Eduardo Militão
A Unirio Manutenção e Serviços Ltda, empresa que mantém mais de 800 funcionários terceirizados na Câmara, disse que acompanha o caso, apesar de não ter sido comunicada oficialmente pela Casa, e que está “preocupada” com a investigação sobre a suposta venda de vagas de garçons e copeiras e desvio de função de terceirizados. Nota do advogado Humberto Maioli, do departamento jurídico da empresa, afirma que, se forem confirmadas as denúncias, os empregados serão punidos na forma da lei. Mesmo assim, a Unirio vai aguardar a apuração da Polícia Legislativa da Câmara antes de decidir que atitudes tomar.
Em nota, a assessoria de imprensa da Câmara disse que está investigando o caso e garante que não houve nenhum prejuízo aos cofres públicos por conta do denunciado desvio de copeiras.
A nota do advogado da Unirio destaca que a empresa desconhece qualquer tipo de “contrapartida” paga para se contratar um funcionário. “A empresa jamais concordaria ou admitiria que um empregado seu agisse desta forma”, conta Humberto Maioli.
Em entrevista ao Congresso em Foco, o diretor da empresa, Alexandre Ferreira Gomes, confirma o texto de Maioli, que diz que a empresa fez uma reunião com os funcionários para tratar do assunto. Ele diz que, assim que o inquérito foi aberto, a própria Patrícia comunicou-o dos fatos. Em reunião, os servidores prestaram esclarecimentos, quando negaram as acusações.
“Nossa preocupação é manchar o nome da empresa, que é uma empresa idônea”, explicou Gomes, que pensou em mandar Patrícia embora. “Eu ia demiti-la, mas ia ser uma covardia. Não recebemos nada oficial, só um telefonema”, contou o diretor da Unirio.
Gomes enfatizou que, se existirem os crimes, trata-se de fatos relacionados estritamente a funcionários. Nesse caso, a empresa fará os “devidos desligamentos”.
Absorção
A Unirio substituiu no serviço a emprsa Capital Empresa de Serviços Gerais Ltda. Atualmente, mantém mais de 800 terceirizados na Câmara. Destes, 274 são copeiros e garçons. Há quatro contratos da prestadora de serviço com a Câmara, que paga R$ 22 milhões por pelos trabalhos executados.
Gomes diz que Patrícia e o grupo de 274 funcionários foram totalmente “absorvidos” da Capital. Isso aconteceu logo que a Capital decidiu rescindir suas relações comerciais com a Câmara, abruptamente, após a morte do proprietário da antiga prestadora de serviços.
O diretor da Unirio conta que o setor de fiscalização da Câmara aconselhou-o a contratar Patrícia. “Foi dado o aval do órgão fiscalizador. Ela trabalha lá há muitos anos, 18 anos”, conta Gomes. “É uma excelente profissional. Para mim, até que se prove o contrário, é uma excelente profissional”, afirmou.
Leia a resposta da Unirio enviada ao site
“Em resposta ao seu e-mail, cumpre-nos prestar algumas informações necessárias, a fim esclarecer os fatos relatados por V.Sa.
Em primeiro lugar, a UNIRIO Manutenção e Serviços Ltda., em nenhum momento foi notificada formalmente sobre a existência dessa investigação pela Câmara dos Deputados. Portanto, seus sócios e diretores não prestaram qualquer esclarecimento, e tampouco, foram intimados a prestar qualquer depoimento sobre o assunto.
Em segundo lugar, a UNIRIO desconhece completamente a existência desse suposto “pedágio” a qual V.Sa. se refere. Aliás, a empresa jamais concordaria ou admitiria que um empregado seu agisse desta forma, sendo certo que havendo comprovação da existência desse fato o empregado ou os empregados envolvidos serão punidos na forma da Lei.
Em terceiro lugar, a funcionária supostamente envolvida, Sra. Patrícia Guedes, foi quem comunicou à empresa sobre a existência desse procedimento investigatório, portanto, não existe qualquer fato até o momento que desabone a conduta dessa profissional, que diga-se, sempre se mostrou competente. A empresa não pode fazer qualquer pré-julgamento a respeito desses fatos sem que antes a investigação seja concluída.
Por fim, quanto ao fato narrado por V.Sa. a respeito de funcionários realizando serviços particulares à Sra, Patrícia Guedes, a empresa esclarece que tem conhecimento de que uma funcionária executa serviços de limpeza nas horas vagas na residência da Sra. Patrícia, a qual é devidamente remunerada pessoalmente pela Sra. Patrícia, e não pela Câmara, fato esse, inclusive, já esclarecido à Polícia, segundo informações colhidas pela empresa através de reunião com os envolvidos.
Em suma, a empresa embora não tenha sido formalmente comunicada sobre nada, está preocupada com o assunto e vem acompanhando o caso, tanto que já ouviu os envolvidos, todavia, aguarda a conclusão da investigação pela Depol.
Sem mais, ficamos à inteira disposição para qualquer esclarecimento necessário.
Atenciosamente,
Humberto M. Maioli
Dep. Jurídico.
UNIRIO Manutenção e Serviços Ltda.”
Leia a nota da Câmara enviada ao site
“A Câmara dos Deputados informa que não contrata funcionários terceirizados, mas apenas serviços, por meio de licitações públicas. Assim que tomou conhecimento das denúncias de irregularidades na empresa contratada, o Departamento de Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados iniciou investigações para apurar os fatos. Cabe esclarecer que a Câmara não teve nenhum prejuízo no contrato citado, já que os serviços são fiscalizados no tocante à quantidade de funcionários em atividade e à qualidade de sua prestação. Em qualquer descumprimento do contrato, a empresa é punida com multas.”
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