O que será de um país que tem até o presidente do Congresso Nacional sendo investigado por corrupção? Nem os mais otimistas portugueses contemporâneos de Michelângelo ousariam apostar que a terra recém-descoberta e habitada parcialmente por índios e coberta por uma exuberante natureza poderia um dia se tornar um país grande e coeso.
Mais de 500 anos depois, aquela terra que viveu saques impiedosos de seus colonizadores durante mais de 300 anos hoje vê seu próprio povo sendo saqueado por aqueles que deveriam zelar do bem público.
O Congresso em Foco anunciou a lista de 47 senhores de paletó e gravata que serão investigados por estarem, segundo delatores do caso da Lava Jato, envolvidos no esquema que desviou bilhões de reais da Petrobras, que encolhe de tamanho a cada dia.
Infelizmente, notícias de criminosos travestidos de políticos se tornaram corriqueiras e a sociedade brasileira já se sente anestesiada pelos sucessivos escândalos políticos.
Mas desta vez a situação é mais grave.
Na lista de Janot estão nomes de pessoas que ocupam e ocuparam cargos importantíssimos no cenário político brasileiro. O presidente do Senado e, por conseguinte presidente do Congresso Nacional, o presidente da Câmara, a ex-ministra da Casa Civil, o ex-ministro das Minas e Energia (ministério da qual faz parte a esfacelada Petrobras), a ex-governadora do Maranhão e um ex-ministro da Saúde são apenas alguns dos exemplos que mostram que a nossa política está apodrecida e fétida, apesar de não ser novidade alguma. Até a presidente do país foi citada nas delações premiadas.
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Ao fim de mais este capítulo da Lava Jato, temos a nítida impressão de que o mensalão foi apenas uma brincadeirinha de criança perto deste que, até o presente momento, se mostra o maior caso de corrupção da história do país.
Se no passado os lusitanos enxergavam na nova colônia um imenso celeiro de riquezas facilmente subtraídas, nos dias atuais muitos políticos vêm na carreira profissional que inventaram a oportunidade perfeita de se apoderarem do alheio de maneira descarada, irresponsável e vergonhosa.
Os 47 políticos que recheiam a Lista de Janot são inocentes até que se prove o contrário. Porém, acreditar na inocência de todos não é apenas ser ingênuo, mas também ser totalmente desprovido de inteligência.