O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou nesta terça-feira (19) que considera a ação de hackers que invadiram celulares dele e de outras autoridades como os procuradores do Ministério Público um ataque ao combate à corrupção no Brasil. “Fiquei surpreso com o nível de vilania e baixeza dessas pessoas responsáveis por esses ataques, pela ousadia criminosa de invadir telefones de procuradores da República e do ministro da Justiça e usar isso não para fins de interesse público, mas sim para minar os esforços anticorrupção”, afirmou Moro.
O ministro está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para explicar as conversas que ele manteve com os procuradores do Ministério Público responsáveis pela Operação Lava Jato, que foram vazadas pelo The Intercept, e apontam uma possível colaboração do então juiz com os acusadores do ex-presidente Lula processo do Triplex no Guarujá. Nas conversas, há indícios de que o hoje ministro da Justiça deu orientações aos integrantes do MPF.
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Em sua defesa, o ministro apresentou dados da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba quando ele era juiz que, segundo ele, demonstram que não existiu colaboração ou convergência dele com o Ministério Público. Moro afirmou que das 90 denúncias apresentadas pelo MP, 45 foram alvo de sentenças e os procuradores recorrem contra 44 dessas sentenças. “Se falou muito de conluio e isso é indicativo claro de que não houve conluio”, argumentou Moro. Ele listou ainda que foram 66 absolvições contra 211 condenações e que 91 pedidos de prisão cautelar foram indeferidos por ele. O ministro voltou a questionar a autenticidade das conversas vazadas.
Logo no começo da audiência, o senador Humberto Costa (PT-PE) questionou a presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MT) sobre em qual condição o ministro seria ouvido, como testemunha ou já como investigado. Tebet destacou que Moro comparece ao Senado como autoridade disponível para prestar esclarecimentos, como é comum que o ministros de Estado façam.
Na linha do que já vinha dizendo por meio de notas, o ministro da Justiça reafirmou que suspeita da autenticidade das conversas divulgadas pelo The Intercept e disse que o site tem usado de sensacionalismo e desrespeitado princípios básicos do jornalismo, já que não foi procurado previamente à publicação da primeira.
Moro ainda relatou uma evento ocorrido no dia 4 de junho, que ele considerou como a invasão de seu aparelho de celular. “Em 4 de junho, por volta das 18h, meu celular sofreu ataque, eu vi três ligações com meu próprio número, clonado, verifiquei posteriormente que não importa se a pessoa atende ou não, depois alguém me mandou mensagem perguntando se eu tinha entrado no telegram, ou seja, a pessoa abriu uma conta em meu nome no telegram, eu não uso esse aplicativo desde 2017, em princípio o conteúdo do meu celular não foi acessado, chamamos a Polícia Federal, que examinou e entreguei meu celular”, afirmou o ministro.
“O que eu vejo é que algumas coisas que eu posso ter dito outras me causam estranheza. Mesmo que tenha algo verdadeiro, pode ter mudança de trecho ou de palavra para causar escândalo”, argumentou Moro.
Sérgio Moro teve 30 minutos no começo da audiência para apresentar suas explicações sobre os fatos e agora responde perguntas. Cada parlamentar pode usar cinco minutos para formular questionamentos. O ministro tem o mesmo tempo para resposta e, depois, os parlamentares terão prazo máximo de dois minutos para réplica e tréplica.
No dia 11 de junho, dois dias após as primeiras reportagens sobre a relação entre Moro e os procuradores serem publicadas, o próprio ministro se colocou à disposição do Senado para se explicar o caso. Os parlamentares já se articulavam para convocar o ministro.O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept também será ouvido em uma audiência marcada para o dia 1º de julho, Conselho de Comunicação Social do Senado.
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