Personagem importante da operação “Tris in Idem”, deflagrada nesta sexta-feira (28), o pastor Everaldo é presidente nacional do PSC, sigla do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e que já abrigou Jair Bolsonaro e três de seus filhos – o senador Flávio, o deputado federal Eduardo e o vereador Carlos Bolsonaro. O último a deixar a sigla foi Carlos, no início deste ano. Ele e o irmão Flávio foram eleitos para os atuais cargos pelo Partido Social Cristão. Ambos trocaram a agremiação pelo Republicanos.
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Everaldo foi preso hoje depois de mandado expedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro ocorridos durante a pandemia do coronavírus no estado do Rio de Janeiro, na gestão de seu correligionário Witzel. O pastor preside o partido desde 2015, um ano depois de ter se candidatado à Presidência da República nas eleições de 2014, quando ficou em 5º lugar, com 0,75% dos votos.
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Segundo o jornal O Dia, Everaldo era “o todo-poderoso do governo Witzel”, exercendo influência sobre as indicações para a Secretaria de Saúde, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) e o Detran.
O nome do pastor circula nos bastidores da política fluminense há décadas. Everaldo foi subsecretário da Casa Civil do Rio entre 1999 e 2002, no governo de Anthony Garotinho. Em 2018, se candidatou pela segunda vez a um cargo eletivo, desta vez para disputar o Senado Federal. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele arrecadou R$ 650.187,57 para a campanha, dos quais R$345.101,86 vieram do diretório de Witzel. O pastor obteve 360.688 votos e ficou em 8º lugar, não sendo eleito.
No detalhamento de bens à Justiça Eleitoral, ele declarou R$ 268.272,38, sendo a maior parte – R$ 120.000,00 – em dinheiro em espécie.
Acusações de corrupção
Everaldo foi citado em delação premiada por suspeita de receber R$ 6 milhões para favorecer Aécio Neves (PSDB) em debates televisivos nas eleições de 2014. O pastor declarou apoio ao candidato tucano no 2º turno e ajudou o tucano a chegar ao segundo turno, para disputar com a então presidente Dilma Rousseff (PT), que concorria à reeleição.
Segundo o delator Fernando Santos Reis, ex-diretor da Odebrecht Ambiental, a empresa orientou o religioso a fazer perguntas “inócuas” para Aécio a fim de valorizar o tempo do tucano. Ambos negaram as acusações.
Anteriormente, no pleito de 2010, o PSC chegou a declarar apoio ao então presidenciável tucano José Serra, mas posteriormente aderiu à campanha do PT, que repassou uma doação de R$ 4,7 milhões à sigla do pastor. Everaldo negou que seu partido tenha vendido apoio à candidata petista.
Na gestão do ex-governador Garotinho, Everaldo operava em parceria com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso pela Lava Jato.
Controvérsias
Candidato em 2014, o pastor da Assembleia de Deus se declarou contra casamento homossexual, aborto e legalização das drogas. Ele afirmou que, se fosse eleito presidente, iria propor um projeto de lei ao Congresso para reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu o casamento entre pessoas do mesmo gênero.
Além da defesa da família tradicional brasileira, Everaldo também já defendeu a redução da maioridade penal, bandeira do PSC.
Batismo no Rio Jordão
O pastor batizou o presidente Jair Bolsonaro nas águas do Rio Jordão, em Israel, em maio de 2016, quando Bolsonaro era deputado federal. Ele foi filiado à sigla entre 2016 e 2017, antes de ingressar no PSL e se lançar à Presidência da República. O batismo ocorreu no mesmo período em que o Senado autorizava o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff para início do julgamento do impeachment.
No vídeo, Everaldo e Bolsonaro aparecem em trajes brancos no rio em Israel. A Bíblia diz que esse rio é o mesmo onde Jesus foi batizado por João Batista. Após o mergulho de Bolsonaro, o pastor fez uma brincadeira. “Peso pesado”, disse ele entre risos.
Depois do batismo, Bolsonaro gravou um vídeo aos seus eleitores em alusão ao impeachment de Dilma, sua desafeta. “Novos ares de mudança têm que se implementar a partir de agora. Abandonar essa clássica política do toma-lá-dá-cá, negociar ministérios para conseguir apoio político. A população está enjoada disso”, afirmou.
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