Tiago César Costa *
Vivemos num cenário catastrófico da política nacional, onde na última eleição presidencial vislumbramos toda sorte de promessas e, mentiras, a exemplo “não há crise no Brasil”; “a inflação está controlada”; “não modificaremos a legislação trabalhista nem que a vaca tussa”, “não há crise energética”, etc… Porém, depois que o atual governo foi eleito, temos visto na prática o contrário, quem dera se houvesse a tipificação do crime de estelionato eleitoral, porque será que essa redação os legisladores não redigem ou aprovam?
A conduta de ludibriar os eleitores para se eleger a qualquer custo, se tornou praxe no Brasil. Ora, se o agente se alicerça em argumentos falsos, mentirosos, para obter vantagens em face principalmente da coletividade, certamente deveria ser punido rigorosamente por seus atos.
Na arte da democracia, há liberdade e, devemos defendê-la a qualquer custo. No entanto, é inaceitável, em nome da soberania popular (voto), ludibriar uma população cada vez mais desprovida de educação, e que se apoia no mínimo de dignidade que lhe foi oferecida ao longo de décadas, oriunda principalmente dos programas sociais. Mas isso não é suficiente. E os demais direitos?
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Em contrapartida, estamos no meio de um “apocalipse da corrupção”, o povo brasileiro está esgotado, cansado, desanimado. O cidadão arca com o pagamento de uma carga tributária absurda, atualmente cerca de 36% de sua renda per capita e, em contrapartida, o retorno é deprimente, haja vista que a saúde, educação, transporte, segurança, previdência, etc… beiram o caos.
Quando você aparentemente sai esperançoso pelas condenações na Ação Penal 470, conhecida popularmente como “mensalão”, entra num “lava jato”, num “petrolão” mil vezes pior. Deparamo-nos com os desvios de dinheiro da maior estatal do país (Petrobras), hoje o maior escândalo de corrupção não só nacional, mais do PLANETA TERRA. Se houvesse o Guinness Book da corrupção, o Brasil seria o grande vencedor. Já vislumbro as manchetes: “Parabéns, Brasil, pelo maior escândalo de corrupção do Planeta Terra!”; “Brasil bate o recorde mundial pelo escândalo conhecido como petrolão, e lidera o livro dos recordes.”
Super homem, Homem Aranha, Batman… Que nada! Atualmente os heróis da pátria, são conhecidos como delatores premiados. Sejam bem-vindos, os senhores foram premiados com uma delação!
Que orgulho tê-los em nosso país! Orgulho de ouvi-los dizer: “Eu devolverei 200 milhões de dólares aos cofres públicos”; “Eu encerrarei minhas contas na Suíça, nas ilhas, nos paraísos fiscais, entregarei minhas mansões, meus carros importados”.
Como numa campanha política, todos falam somente a verdade! Deveria haver uma regra, do tipo ‘façam a delação antes de se elegerem’: “Eu prometo desviar dinheiro público, mas, se a casa cair, prometo devolver o que for desviado. Prometo indicar as contas nos paraísos fiscais e entregar todos os laranjas”; “Eu prometo receber doações milionárias das grandes empreiteiras, e organizar um cartel para que elas ganhem todos os contratos milionários com o governo e, assim, possam superfaturar as obras, e receberem mil vezes mais do que investiram na minha campanha”. Se a casa cair, prometo não dizer: “Eu repudio as denúncias!”.
A maior parte do dinheiro oriundo dos desvios da Petrobras abasteceu o nosso “sistema político de poder democrático”, que infelizmente não funciona sem barganhas, favores, reais, dólares, euros, “presentinhos”. Enquanto isso, os personagens políticos somente declaram em nota: “Eu repudio!”.
Como nós, brasileiros, podemos nos orgulhar dessa democracia? Em que os espertalhões, ladrões, representam o povo e em nome do povo se vendem, editam leis muitas vezes contra nós, para favorecerem a si?
Óbvio que não queremos regredir e, com certeza, a democracia é a melhor das opções para qualquer país. Contudo, da forma como ela é exercida no Brasil, há necessidade urgente de mudanças. Dentre essas, a principal é a reforma política. No entanto, como confiaremos nesses grupos políticos, que a todo tempo buscam seus próprios interesses, e se esquecem da real necessidade de uma reforma política, em que o povo seja o beneficiado?
Estamos numa verdadeira cleptocracia! Não há que se orgulhar do atual momento político e, do sistema corrupto que se instalou nos Poderes da República do Brasil. O que nos resta quando o real sentido da democracia é deturpado, enquanto o povo brasileiro assiste de camarote às diretrizes catastróficas desse desgoverno nacional?
Diante desse quadro difícil de ser alterado, enquanto o Hino Nacional Brasileiro entoa “gigante pela própria natureza”, ouso dizer “povo omisso pela própria natureza”! Propício nesse momento citar uma frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
* É advogado em Mogi-Mirim (SP). Mantém o blog: http://tiagocosta-adv.blogspot.com.br.