A investigação da Polícia Federal (PF) no Operação Registro Espúrio aponta que o Ministério do Trabalho fraudava pareceres para atender pedidos do ministro da Secretaria do Governo, Carlos Marun. De acordo com a reportagem publicada neste sábado (14) pelo jornal Folha de S. Paulo, a pasta concedia facilidades para sindicatos do Mato Grosso do Sul a pedido do ministro.
Deputado licenciado da Câmara para assumir a articulação política de Michel Temer (MDB), Marun foi eleito pelo estado. A investigação da PF indica que, por meio de sua chefe de gabinete, Vivianne Lorena de Melo, Marun encaminhava ao Trabalho pedidos em favor de entidades sindicais.
A PF obteve mensagens trocadas entre Vivianne e funcionários do ministério do Trabalho no mês de maio, a poucos dias de a primeira fase da Registro Espúrio ser deflagrada. Com base na troca de mensagens, a PF havia pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), autorização para realizar busca e apreensão no gabinete de Marun, negado pelo relator do caso, ministro Edson Fachin, por entender que o não havia provas suficientes.
A PF analisa ainda outros materiais que podem complicar Marun, como outra troca de mensagens entre o ex-ministro Helton Yomura e o chefe de gabinete dele, Júlio de Souza Bernardo. A conversa aponta que Marun teria pedido providências contra um despacho publicado no Diário Oficial da união (DOU) que prejudicava uma entidade do Mato Grosso do Sul.
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Marun afirmou, em nota ao jornal, que apenas encaminha demandas que chegam e que faz a articulação com entidades como é competência de sua pasta.
Leia a íntegra da reportagem da Folha
“Vazamento canalha”
Em 5 de julho, dia em que a terceira fase da Registro Espúrio foi deflagrada – resultando na demissão de Yomura -, Marun reclamou do que chamou de “vazamento canalha” sobre o pedido de busca e apreensão negado por Fachin. O ministro afirmou que iria à corregedoria da PF.
Segundo o ministro, ele recebeu um grupo de sindicalistas há aproximadamente três meses, vindos do Mato Grosso do Sul para tratar de assuntos relacionados à “atividade sindical”. Em nota, afirmou que não colocou “os pés no ministério do Trabalho” depois que assumiu a articulação política.
Ele afirma que encaminhou o grupo para o ministério e designou uma assessora para acompanhá-los, algo que não foge às suas atividades rotineiras.
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