Edson Sardinha e Fábio Góis
Cinco senadores acumulam ao menos cinco investigações contra si no Supremo Tribunal Federal (STF). Três deles são do PMDB, dono da maior bancada na Casa. Eleitos em outubro do ano passado, Roberto Requião (PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) são alvos, respectivamente, de sete e seis procedimentos no Supremo, maior número de apurações entre todos os seus colegas de Senado. As duas ações penais e os cinco inquéritos contra Requião são pelos chamados crimes de opinião.
?Sou processado porque tenho o péssimo hábito de chamar as coisas pelo nome. Pau é pau, pedra é pedra. E ladrão é ladrão, especialmente os assaltantes do erário?, disse Requião ao Congresso em Foco, em defesa pelos processos a que responde. O ex-governador do Paraná salientou que nenhum dos casos versa sobre mau uso do dinheiro público, e que a Justiça é ?muito lenta? nesses casos. ?Dizem os juízes: uma vez que eles não foram condenados, não podem ser chamados, ainda, de ladrões. E acabam me condenando antes deles?, afirmou o senador por meio de sua assessoria.
O terceiro colocado nesse ranking é o presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), reeleito em outubro para mais oito anos de mandato. Entre todos os senadores, Raupp é quem responde ao maior número de ações penais, quatro. Ele também é alvo de um inquérito por crimes praticados por funcionários públicos em geral. Suplente do Conselho de Ética, o senador rondoniense é réu em dois processos por crimes contra o sistema financeiro, um por peculato e outro por crimes eleitorais. A assessoria informou que o senador está viajando e que retornaria o contato assim que voltasse.
Estreante no Senado, Lindbergh Farias responde a duas investigações por crime contra a Lei de Licitações, duas por crime de responsabilidade, uma por crime contra a ordem tributária e outra por improbidade administrativa. Por meio de seu advogado, o senador disse que se manifestará sobre os processos assim que o Supremo o acionar ? o que ainda não ocorreu. Lindbergh reforça que todas as peças processuais são referentes à época em que foi prefeito de Nova Iguaçu (RJ), cargo que ocupou por seis anos consecutivos.
Outros dois senadores também têm cinco pendências judiciais cada. O ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira (PMDB) é réu em três ações penais: uma por crime contra o meio ambiente; outra por falsidade ideológica, e uma terceira por crimes de responsabilidade. O senador catarinense é investigado ainda em dois inquéritos ? um por crime de imprensa e outro por injúria e calúnia.
Reeleito em outubro, João Ribeiro (PR-TO) é réu em uma ação penal por peculato e investigado em outros quatro inquéritos: por trabalho escravo; estelionato/crime da Lei de Licitações/quadrilha ou bando e peculato; crime contra o meio ambiente e o patrimônio genético, e contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro. Primeiro-secretário da Mesa Diretora, o senador está licenciado do mandato neste momento.