A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (19), o engenheiro Paulo Vieira de Souza, apontado como operador financeiro do PSDB. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), que foi ministro das Relações Exteriores no governo Michel Temer.
Paulo Vieira foi diretor da Dersa, empresa paulista de infraestrutura rodoviária, em governos do PSDB. As ações fazem parte da 60ª fase da Operação Lava Jato e têm como ponto de partida depoimentos de doleiros e funcionários da Odebrecht. O ex-diretor da Dersa deverá ser transferido de São Paulo para a Superintendência da PF no Paraná. Foi determinado ainda o bloqueio de recursos financeiros dos investigados.
Sem foro privilegiado desde o término de seu mandato de senador, em 31 de janeiro, Aloysio é investigado por ter recebido, no Natal de 2007, em um hotel em Barcelona, na Espanha, um cartão corporativo vinculado a uma conta mantida por Paulo Vieira na Suíça. De acordo com o Ministério Público Federal, o cartão foi emitido um mês após a Odebrecht ter repassado para essa conta cerca de 275 mil euros.
Leia também
>> Justiça suíça suspeita que R$ 43,2 milhões bloqueados financiariam campanha do PSDB
>> Gilmar Mendes solta Paulo Vieira de Souza pela segunda vez
Apontado como operador do PSDB, o ex-diretor da Dersa é acusado de manter R$ 100 milhões em espécie que, segundo o MPF, foram utilizados pela Odebrecht para pagar propina a políticos e abastecer campanhas eleitorais entre 2007 e 2017. Conforme os investigadores, a empreiteira devolvia o dinheiro para o operador por meio de empresas e contas bancárias registradas no exterior.
Esta é a terceira prisão de Paulo Vieira em menos de um ano. Nas duas vezes anteriores ele foi solto por determinação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a medida “patente o constrangimento ilegal”. Na ocasião, ele era acusado de ameaçar uma outra investigada, que o comprometeu em sua delação premiada.
PublicidadeEle também é investigado por desvios nas obras do Rodoanel, entre 2009 e 2011, e por movimentar cerca de R$ 113 milhões em contas na Suíça.
A operação foi batizada de “Ad infinitum”, de acordo com a PF, devido à repetição do modo de atuação de alguns integrantes da organização criminosa, remetendo a um ciclo criminoso que nunca termina.
São cumpridos mandados em dez locais nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba. Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba. A operação é feita em cooperação com o Ministério Público Federal e a Receita Federal.